dezembro 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sobre meus desejos para 2011



"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
"
Carlos Drummond de Andrade
Muchachos, TUDO DE MAIS LINDO pra nós em 2011!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sobre dietas e o apoio que recebo dos familiares


Embarquei em um dieta a duas semanas. Tudo bem que o Natal (e aquele bolo prestígio magnífico de ontem) acabaram estragando um pouco minha meta de perder alguns quilos. Anyway.
Acordo todos os dias me lembrando de que não posso comer doces ou ingerir carboidratos, o que tem me deixado um tanto quanto... triste.
Hoje pela manhã, minha mãe (que, caso tenham curiosidade, sabe da dieta e apóia incondicionalmente esta minha atitude em prol da vida saudável) me ofereceu pão doce. Frente à minha recusa, foi à padaria e trouxe vários pães com queijo e cocadas cobertas de chocolate. 
Olhei para a mesa do café da manhã e perguntei "Se eu fosse diabética, você faria doces e deixaria na geladeira durante a semana inteira?" e ela respondeu prontamente que não. "ENTÃO POR QUE É QUE VOCÊ COMPRA ESSAS PORCARIAS QUANDO SABE QUE EU ESTOU DE DIETA?".
Ela enrolou, enrolou e disse que a médica dela (que sabe-se lá Deus onde tirou o diploma) tinha liberado essas guloseimas "pouco calóricas" - e entendi o motivo de não ter perdido absolutamente um quilo durante cinco meses de regime alimentar.
Realizado o comentário ácido, cortado um pedacinho de nada do pão com queijo e quase em vias de abandonar a cozinha, ela vira para mim e me oferece um copo de leite de 500ml batido com ovomaltine, açúcar, iogurte e leite condensado. Fala se não dá vontade de bater?

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre pernas (femininas) cabeludas


 Você percebe o quão ruim suas pernas estão quando sua prima de nove anos recomenda uma depiladora pra ti antes do ano novo. Em minha defesa, devo dizer que estava aguardando justamente o final da semana para passar pela maca (mesmo sabendo que, no final da semana, os salões estarão lotados e eu nem mesmo reservei o horário).
De qualquer modo, deixei umas boas duas horas dedicadas justamente a esta atividade (afinal, se eu fosse desse jeito para a depiladora, passaria muita vergonha) e acho que depois da gilete, perdi alguns quilos com tanto pêlo jogado fora.
O interessante não era apenas o estado deplorável das minhas pernas, mas sim ter procurado uma maldita gilete pela casa durante 40 minutos e ficar tão emocionada ao finalmente encontrá-la a ponto de pensar que talvez alguma divindade estivesse me pregando uma peça. Quando a ví, tive certeza de que a lâmina estava cega (oi?) e resolvi testá-la deslizando meu indicador direito sobre ela. Corte, corte, um enorme corte que vai limitar minhas atividades durante esta semana inteira (ai, acho que serão necessários pontos - oito, no mínimo). Agora, o que eu não consigo explicar é o fato de pensar que a lâmina de uma gilete dentro de uma embalagem fechada estivesse cega. Acontece.
Toda a situação tragicômica de hoje, como se não fosse o suficiente, me fez lembrar de uma passagem da época do colégio. Não me recordo do motivo ou de qual era a específica situação. Lembro-me apenas de que eu estava atuando em uma peça e interpretava o Garotinho (sim, o político). Para dar mais vida a personagem, apareci com uma bermuda ao dar uma entrevista (alguém já viu esse cara de bermuda ao dar uma entrevista?), com as "pernas cabeludas". Não preciso dizer que fui POUCO zuada por todos (afinal, recursos para criar pelos nas pernas não faltam no fantástico mundo do teatro). 
O que me consolou naquela triste situação foi o digníssimo comentário de um dos meus professores (o mais punk, mais bonito, mais divertido, mais inteligente, mais agradável e bonito de todos) dizendo em alto e bom som que mulheres que não se depilam ficam sexy. Sim, ele disse isso. Mas, para muito além de decepcionada, fiquei feliz (e muito mais egoísta) quando foco saiu das minhas pernas cabeludas direto para a orientação sexual dele.

Sobre meu azar no jogo e a vergonha alheia dos sorteados


Eu sempre detestei ter os holofotes sobre mim. Essas situações costumam me deixar extremamente desconcertada. Tanto que, quando ia aos famosos grupos de oração da igreja, sempre evitava colocar meu nome nos sorteios para levar os santinhos para casa durante uma semana e fazer todas as orações possíveis e imagináveis para abandonar minha angustiante timidez.
Recentemente, Ke-chan e eu fomos à um evento científico e meu único desejo para este dia era o de não chamar a atenção para mim (como aconteceu na edição do ano anterior, quando caí na frente de todos os presentes no salão). Por isso, logo que recebi a programação e constatei um pequeno cupom para preenchimento que me garantia concorrer a apólices de seguro, optei por deixá-lo obsoleto entre os meus papéis. É claro que fui repreendida pela Ke-chan, que riu da minha precaução, alegando que a minha falta de sorte nessas coisas jamais me concederia ser sorteada naquele dia. Mas, por via das dúvidas...
Ke-chan, ao meu lado, rabiscou o papelzinho umas quatro vezes, alterando seu número de telefone "não quero que eles fiquem me ligando pra oferecer seguro", era o que ela dizia. Me lembro de rir compulsivamene quando ela depositou na urna um pedacinho de papel frangalhado, atraindo olhares das pessoas que estavam ao redor.
Quando o evento acabou, começamos a nos movimentar para guardar materiais e partir para a rua, falando em voz alta e dando algumas discretas gargalhadas. Alguns dos presentes nos observaram com reprovação, como que indicando o início do tão esperado sorteio. Sorri, sabendo que não estava correndo riscos de natureza alguma e desta vez não precisava orar para Deus que não fosse eu a sorteada (ou seria o contrário?), afinal, o trágico destino do felizardo ganhador era dirigir-se à frente de todos os presentes, receber o pedaço de papel que simbolizava a apólice e tirar uma fotografia com os patrocinadores (me dá calafrios).
Eu continuava trocando causos com a Ke-chan quando tudo ao redor ficou em câmera lenta, principalmente a mão que levantava um dos papéis da urna. Ah sim! Também pareciam existir dois holofotes na sala, um na urna e outro apontando em nossa direção. Lentamente vimos um papelzinho frangalhado e coberto de tinta azul sair da escuridão para a visão de todos (e temi pelo nome a ser chamado, acho que até mais do que a Ke-chan). Boquiaberta, podia sentir o coração de minha fiel escudeira gritando dentro do mediastino (que dramático), como querendo de esconder na ponta dos pés. Temi pelo que aconteceria depois.
Ela foi chamada em alto e bom som no microfone e percebi minha colega tão sem reação quanto eu ao levantar-se para buscar o prêmio. Meu nervosismo era excessivo e até me esqueci de rir da cara dela e de todo o seu deboche quando disse sobre o meu azar (tão conveniente nestas ocasiões) no momento em que relutei ao participar do sorteio.
Ví a Ke-chan receber o prêmio e ser aplaudida como quem ganha um grammy. Ví minha amiga se posicionar com o patrocinador para bater a foto amarela, e a ví voltando para a seu lugar mais vermelha do que pipoca com anilina de porta de teatro (ah, adoro a pipoca com anilina de porta do teatro!)  totalmente desorientada.
Lembro de me sentir muito tocada pela situação e compadecida de seu sofrimento, e recordo principalmente da minha vontade louca de tirar uma com a cara dela e perguntar "Por que você está tão vermelha, Raquel?". Ah, sim. Lembro-me do tapa que ela me deu depois disso também.
Agora a Ke-chan tem a apólice de seguro pro carro. Só falta mesmo comprá-lo efetivamente. Depois dessa experiência constrangedora, acho que ela aprendeu a lição: nunca mais participar de sorteiozinhos mequetrefe. A menos que eles resolvam dar também o dirigível (nesse caso eu depositaria TAMBÉM o meu cupom preenchido).

Sobre meus refúgios mentais


Nem eu entendo o motivo de eu ficar, às vezes, meio assim, com raiva do mundo. Não exatamente do mundo, mas de algumas coisas em específico. Talvez até de pessoas (bem específicas). E olha que a TPM (pelo menos nesse momento) passa longe.
Aí eu me refugio nas coisas boas. Em coisas ótimas, na verdade. Nos meus dias em Santos. Em todos os momentos que eu passei com a Moninha. Na minha iniciação no Macunaíma. Das noites com grilinhos em Jundiaí. E principalmente dos finais de semana na Paulista com o Luís.

sábado, 25 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sobre duplas famosas (ou não)


Carol e eu embarcamos na busca incessante por uma identidade desde que nos tornamos "A DUPLA" do ano no setor de psicologia do hospital (rs). Por isso, andei pesquisando na internet e encontrei algo, no mínimo, interessante.
Como autêntica neta de partes constituintes de duplas caipiras (mas bem caipirrrras mesmo), não posso deixar de relembrar aqui (com um pouco de irônia, claro) a genialidade desses profissionais da música ao escolher seus nomes artísticos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sobre o pesadelo da última noite


E daí que eu não sei se foi porque o Lu disse que ia sair casado de 2011, ou o convite repentino da Jana pra ir tomar umas nos barzinhos do Largo da Matriz no final de semana. Só sei que acordei DESESPERADA de um sonho DESESPERADOR: ELE, com toda a sua ausência de beleza, sociabilidade e comportamento agradável (e que mesmo assim eu ainda amo demais e há muito tempo) estava se casando com uma guria horrorosa - e eu estava entre os convidados, chorosa e desorientada.
Pessoas conhecidas e que sabiam dessa paixão (quase platônica, sim), me olhavam com dó e cochichavam coisas. Alguns riam. E eu sentia que era mais alvo da atenção do que os próprios noivos.
Tudo bem que eu não ligava mais há algum tempo (ou fingia não ligar, sabe-se lá Deus), mas foi um tanto quanto triste. Fiquei impressionada ao saber o quanto eu não sei sobre o que eu mesma sinto. Saca?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sobre mecanismos defensivos de natureza sublimatória


"Outro enfoque é o dispensado à força humana que se dedica a um trabalho - dor, doença e morte - identificado como insalubre e penoso para todos, provocando-lhes sintomas orgânicos e psíquicos. Este mesmo trabalho, "paradoxalmente, é capaz de produzir satisfação e prazer, através de mecanismos defensivos de natureza sublimatória", quando as tarefas desempenhadas são socialmente valorizadas. (PITTA, 1991).

Eu AMO meu trabalho.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sobre a ausência de palavras




"Nenhuma palavra dói mais do que a ausência de palavras. Você não é tolo e sabe muito bem disso. Você me impunha um silêncio devastador. Sumia, não dava notícias, fazia de propósito, queria me ver chegar perto da morte, paralisada, sem forças. Eu esperava o telefone tocar, ele não tocava. (...) Esperava o apito do meu computador avisando a chegada de um novo e-mail, ele não apitava. Esperava uma carta, um sinal de fumaça, uma mensagem no celular, esperava que você aparecesse e trouxesse consigo alguma palavra. Esperava e esperava e esperava. E você não vinha. Você me deixava a sós com esse silêncio que dói mais do que um grito arranhado, do que um corte profundo na carne, que dói mais do que a palavra dor".(A chave da casa, Tatiana Salem Levy, Ed. Record, P. 139)

Sobre a escrita que (não) existe




Não, não posso. Se não sangra, a minha escrita não existe. Se não rasga o corpo, tampouco existe. Insisto na dor, pois é ela que me faz escrever. [Mas por que não tenta? Se não pode escrever sem dor, ao menos escreva sem peso, sem culpa. Tire o cimento dos ombros. Seja leve, escreva palavras leves.] Não sei. Vacilo, não tenho certeza se é esse o caminho, mas prometo: tentarei". (A chave da casa, Tatiana Salem Levy, Ed. Record, P. 69)