abril 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sobre a insistência


"Insistir, então, é repetir, é pedir novamente que aquilo que é se mostre e para que nós possamos compreendê-lo, quer dizer, que nós possamos chegar até ele.
Mas esta compreensão não se dá por acaso: como já dissemos, nossa abertura, nossa sensibilidade acontece, sempre, de uma determinada e específica maneira – porque nascemos aqui e não lá, porque somos homens e não mulheres, porque somos desta família e não de outra – e esta nossa condição nos leva necessariamente a elegermos, a sermos tocados e chamados por determinadas pessoas, certas situações, certos eventos. "
DICHTCHEKENIAN, Nichan. "Instante: Essência do Tempo." [acessado em: 28/04/2010]. Disponível em: http://www.fenoegrupos.com.br/

Sobre lançar-se ao desamparo do novo modo-de-ser



"(...) o homem, ao ser lançado no novo, viver a importância de poder ser quem sempre foi, o que nada lhe valem os recursos acumulados até então e, a ansiedade, a expectativa, a angústia do novo, do desconhecido que lhe vem ao encontro e em relação ao qual ele se vê voltado para receber, mas este momento, este instante de viver o novo, o futuro na acepção própria da palavra, não se esgota num mero acontecimento emocional, psíquico, sem valor existencial. Na verdade, é a dimensão existencial do viver o novo tempo, o novo modo-de-ser que necessitamos explicitar: viver o novo tempo, se abrir ao futuro é, inevitavelmente, é necessariamente deixar-se morrer para o modo-de-ser habitual e permitir-se viver, na solidão e no desamparo a fé de que é possível ser, propriamente, verdadeiramente, realmente aquele que o vazio, o nada, o ainda-não-ser anuncia."
DICHTCHEKENIAN, Nichan. "Instante: Essência do Tempo." [acessado em: 28/04/2010]. Disponível em: http://www.fenoegrupos.com.br/

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sobre uma confusão absoluta



“O sol está brilhando, o céu é de um azul profundo, há uma brisa deliciosa, e estou sentindo falta – realmente sentindo falta – de tudo: conversa, liberdade, amigos, de ficar sozinha. Sinto vontade... de chorar! Sinto como se fosse explodir. Sei que chorar ajuda, mas não consigo. Estou inquieta. Ando de um cômodo para o outro, respiro pela fresta na janela, sinto o coração bater como se dissesse: realize meus desejos...
Acho que a primavera está dentro de mim. Sinto a primavera despertando, sinto em todo o meu corpo e minha alma. Tenho de me forçar a agir normalmente. Estou numa confusão absoluta, não sei o que ler, o que escrever, o que fazer. Só sei que estou sentindo falta de alguma coisa.” (O diário de Anne Frank, p. 211)

Sobre coisas terríveis



“(...) e a inapetência se acentuava, e as forças lhe fugiam. Não tinha ilusões: algo terrível e novo, e mais importante do que tudo quanto lhe acontecera na vida, se desenvolvia dentro dele e somente ele percebia. Todos os que o cercavam não compreendiam ou não queriam compreender, cuidando que o mundo tudo continuaria como de costume. E tal pensamento atormentava Ivan Ilitch mais que tudo.”  (A morte de Ivan Ilitch, Liev Tolstói, p. 39)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sobre diálogos dispersos



- Na verdade, acho que as pessoas não entendem essa minha necessidade de maternidade, sabe? Eu gosto de cuidar das pessoas.
- Principalmente das pessoas desprotegidas, estranhas, que sofrem toda sorte de preconceito! Eu sei como é isso...
- Exato! Uma vez me apaixonei por um carinha só porque ele me disse que tinha convulsões. Achei tão fofo ele ter me dito que era "defeituoso"...
- Até que enfim achei alguém igual a mim! Achei que era sozinha nesse mundo, amiga.

(TC, KS)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobre um grande sacrifício



“Talvez seu grande sacrifício a tenha deixado áspera e desagradável com as pessoas ao redor, mas com certeza garantiu que ela se distanciasse ainda mais do caminho do amor, que ela despertasse ainda menos admiração; um dia, talvez, ele perceba que, por fora, ela nunca exigiu seu amor total, e que por dentro ela está lentamente, mas com certeza, desmoronando. Ela o ama mais do que qualquer pessoa, e é difícil ver esse tipo de amor não ser correspondido” (O diário de Anne Frank. 8ª ed. p. 210)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sobre discursos em análise



"Enquanto eu trabalhava no quebra-cabeças, havia uma peça que eu estava certa de pertencer à um ponto em particular. Mas não encaixava. Acabava voltando a ela tentando encaixá-la, me esquecendo que já havia tentado. Eu tinha meu pensamento focado no fato de que eu sentia que a peça era daquele espaço.

Penso em quantas vezes eu fiz a mesma coisa em minha vida. Tentando fazer acontecer coisas que simplesmente não eram pra ser. Tentava várias vezes, chegava ao ponto de forçar, mas não era pra ser... E nada do que eu fiz mudou isso. (...)

Penso em todas as peças que imaginei sem importância e sem propósito. Reflito em todos as peças que em minha vida me fizeram perguntar... "Por que, meu Deus?", "Por que isto?". E repentinamente percebi que por causa dessas peças, outras peças se encaixaram tão bem. (...)

Talvez eu ainda não possa entender o papel de cada peça, ainda existem muitos buracos e o quadro ainda não está claro. Mas sei que quando minha viagem estiver concluída, e a peça final estiver em seu lugar, eu entenderei. E serei capaz de ver o quadro completo e o papel de cada peça."

Sobre meus manuais


Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

(Perfil da Jack. Achei lindo!)

domingo, 18 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

Sobre diálogos dispersos



Dr. Franklin - Mas o que você tem na cabeça para se enfurnar no hospital em finais de semana ensolarados como esse para estudar a morte?
Eu - Não sei... Acho que eu não sei viver.

P.S.: O trabalho, a faculdade, as aulas no HC, a Wizard, e os projetos de pesquisa estão me esgotando. Eu preciso de um tempinho pra mim. Só pra mim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sobre poder contar com quem a gente ama



Betinho sempre disse que pelo menos uma vez por dia devíamos fazer uma coisa que nos causasse medo.
E então rumei para minha primeira entrevista da iniciação científica.
Medos não faltavam. De perder o emprego por ter que sair mais cedo. De quem iria entrevistar. De gaguejar. De ser reprovada. De pessoas melhores que eu.
Pai, que está dodói em casa, me levou. Deu um beijo e desejou boa sorte. Foram três horas de tensão, de mão gelada, de tremores e sudorese. Saí do instituto sugada, cansada, morrendo de vontade me trancar no quarto e chorar. Essas avaliações nos fragilizam tanto e, na maioria das vezes, você se sente a pessoa mais ignorante do mundo.
Quando coloquei os pés na rua meus olhos encharcaram: pai encostado no capô do carro, sorrindo, tão cansado e tenso quanto eu, ansioso por boas notícias.
Muito bom contar com as pessoas que a gente ama, né?
Obrigada, pai! Beijo.

P.S.: Fui selecionada para a segunda amanhã. Tomara que dê tudo certo!

Sobre um egoísta, individualista e infantilóide


"Amor é quando você acha que a pessoa com quem você gostaria de se relacionar é egoísta, individualista e infantilóide e isso não reduz em nada a sua saudade, não impede que a coisa que você mais gostaria neste instante é de estar tocando os cabelos daquele egoísta, individualista e infantilóide.
Amor é quando você sabe tintim por tintim as razões que impedem o seu relacionamento de dar certo, é quando você tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, é quando você não tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda não impede de fazê-la chorar escondido quando ouve uma música careta que lembra os seus 14 anos, quando você acreditava em milagres." Martha Medeiros

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre a adoração dos tolos


“[Numa carta à sra. Pat Campbell]
Espero que tenha perdido a sua grande beleza. Porque enquanto ela durar, qualquer idiota poderá adorá-la, e a adoração dos tolos não faz bem à alma. Não, dê-me um corpo em ruínas, um rosto decaído, com dezesseis queixos num latifúndio de pés de galinha, e uma óbvia peruca – e então me terá com toda a força”.
(George Bernard Shaw)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre uma moral amoral


"Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardias será punida e vai para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e é tudo que sua vida exige. Parece uma moral amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo". (Clarice Lispector, carta para Tania Kaufman, 02/01/47 - fragmento da Fotobiografia da Clarice)

domingo, 11 de abril de 2010

Sobre minha vida em anos


Rabiscado no caderno do Dennis na quarta-feira, quando tentávamos fazer uma retrospectiva de nossa última década.

2000 - O ano do tal do "Roquenrrou";
2001 - O ano da tortura das Patricinhas;
2002 - O ano da Vaca Mocha e os seus jogos de volley na rua sem saída;
2003 - O ano do Shinodinha;
2004 - 1º ano de tortura + Linkin Park no Brasil;
2005 - 2º ano de tortura + Jeack, Ghabs e Rê;
2006 - 3º ano de tortura intensa;
2007 - 1º de faculdade (desenho industrial [fail] E Psicologia) + Aerosmith no Brasil;
2008 - O ano do Mal Estar na Civilização (em, definitivamente TODOS os sentidos);
2009 - O ano dos Cuidados Paliativos;
2010 - Este ano.

sábado, 10 de abril de 2010

Sobre alguem que nunca vai embora


Ele costumava dizer que o ódio que sentíamos um pelo outro era a condição necessária para que nos amássemos tanto e não conseguíssemos ficar longe por muito tempo. Apesar de contraditório - e estranho, diga-se de passagem, acho que ele não estava tão errado.

Já passamos por tanta coisa juntos neste tempo - e agora que parei para fazer as contas, chego à conclusão de que são quase oito - que fica até difícil lembrar. É como se tivesse sido ontem. A escola, a blusa verde que combinava com os olhos, o cabelo loiro e lisérrimo que me causava inveja e as bolachas de maisena nos intervalos de aula. Dividimos olhares, piadas, risadas (e a gargalhada mais gostosa de ouvir do mundo). Dividimos mentiras, verdades inconstestáveis, traições e erros cometidos no desejo de acertar. Fomos cúmplices por tantas vezes, obrigados a fingir que não nos suportávamos só para poder continuar nos vendo. Já tive vontade de torcer o pescoço dele para nunca mais ter que encontrá-lo. Já me senti a pior pessoa do mundo por magoá-lo. Já desisti de coisas das quais tinha certeza para evitar que outras o machucassem. Ele já invadiu meus comunicadores instantâneos, e-mails, contas nos sites de relacionamento e alterou todas as minhas configurações (e mesmo assim eu não mudei senha alguma).

Ele já me fez chorar quando sumiu sem me dar explicações maiores, e me fez ter taquicardia quando foi me buscar na escola sem avisar. Já me aninhou no peito, pousou minha cabeça no ombro e me fez cafuné. Beijou meu cabelo, minha bochecha, minha boca, segurou minha mão e me prometeu que tudo ia ficar bem. Ficou parado em silêncio do meu lado quando eu sentia dor, mesmo quando ficar alí comigo lhe causava dor. Me deu sorvete, bala, chiclete. Me deu toda a atenção e cuidado do mundo.

Ficamos mundialmente famosos em nossa estada na Colômbia. Passei dias preocupada quando soube que ele estava fumando, dias decepcionada quando soube que ele tinha cortado o cabelo e outros com raiva pelo piercing na sobrancelha. Tomamos frapê e açaí com mostarda. Eu o aplaudi em pé, com o sorriso na orelha e o coração palpitando. Chorei quando soube que ele estava indo embora, voar pelo mundo, mesmo sem saber direito por qual motivo. Fui feliz por ele estar feliz.
Já nos desligamos totalmente. Já passei dias sem me lembrar dele, e outros sofrendo com a saudade e com a impossibilidade de lhe dar um abraço. Já me acostumei com a presença, com as partezinhas dele que me deu e que me constituem.

Estranho estar desse jeito depois de tantos anos. Quando, depois de tanto tempo, faltam menos de doze horas para que nos encontremos novamente. Quando só me restam taquicardia e a vontade de abraçá-lo e não deixá-lo ir pra longe nunca mais (eu que, por tantas vezes agi como se quisesse o oposto).
Ah...


Nada do que é você em mim se desfaz (Djavan)

terça-feira, 6 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

Sobre diálogos dispersos



- Eu não aguento mais ter que ficar lendo nas entrelinhas. Me desgasto tanto ouvindo o que ele não fala, mas que também faz barulho. Não consigo me desligar.
- Então comece a ousar. Convide-o para sair!
- O QUÊ? Tá doida? Não posso... Se eu fizer isso, ele cai duro no chão.
- Ótimo. Se ele morre, você não precisa nunca mais vê-lo. Aí vai ser obrigada a se desligar.

Dilálogos dispersos (VDK, TC)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sobre ovos fritos e feriados santificados


Eu já me importei bem mais com os feriados santificados. Hoje em dia, detesto não poder comer carne. É que eu sempre acabo no ovo frito. Sorte da Dª. Ivanilde que não precisa se preocupar com a minha porção de bacalhau.
Acho que vou comer pizza hoje a noite (de palmito, ok?)

Sobre não entender piadas



- Ele não costuma entender as minhas piadas.
- Por quê?
- Naquele dia me perguntou com o que eu estava trabalhando. Respondi, rindo, que fazia folha de pagamento, mas tinha sido promovida a estagiária de psicologia recentemente.
- E ele?
- Perguntou, demontrando uma perturbação e preocupação intensas, se eu ainda continuava com o registro em CTPS. Acho que ele fica tão tenso que não consegue pensar direito, né?
- Ou não. Acho que ele não entende mesmo.

Diálogos dispersos (RAS, TC)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sobre um murro na cara


“Ora veja… é o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples idéia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalamada por elas próprias, lhes mete um murro na cara”
Fiodor Dostoiévski in Crime e Castigo

Sobre algumas diferenças


"Ela representava tudo aquilo que o irritava nas mulheres: usava dos artifícios e da leveza das bonecas. Ele não correspondia aos modelos másculos que ela apreciava: não tinha olhos verdes, nem caracóis de ouro, nem mota, nem vontade de ter. Comprava a roupa mais barata e gastava todo o dinheiro em discos de música clássica, livros imcompreensíveis, filmes arcaicos. Vinham de mundos avessos e era essa trágica distância que os fascinava, como uma canção piegas nos enerva de comoção".
(A instrução dos amantes, Inês Pedrosa, p. 159)