2009

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sobre resoluções para o Ano Novo



"(...) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na Gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de Janeiro as coisas mudem e seja claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo.
Eu sei que não é fácil mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."

Carlos Drummond de Andrade

Um maravilhoso ano para você!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sobre o verão




Aaah, o verão!
A estação da perdição...

É porque no verão é que você faz tudo aquilo que vai contar para os seus netos, bisnetos e tataranetos um dia.

Nadar atrás da Ilha: é só no verão!
Caminhar até a Biquinha e se empanturrar de pastel: é só no verão!
Sem hora para acordar/ ir dormir: é só no verão!
Madrugadas no calçadão: é só no verão!
Viajar para a montanha, para a cachoeira, para o balneário: é só no verão!

É no verão que o amor floresce.
O amor à preguiça, amor ao sol ou até mesmo a um bacuri.
Ou uma dúzia de bacuris.
Por que não?!

Seja otimista rapaz, é verão.
Vai contar o que para o neto? Que ficou jogando dominó?
Não! Vai contar que pulou da pedra, comeu churrasco, deu cambalhotas...
Essas coisas que a gente só faz no verão, sabe?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre irmãs



E a gente vive junto. E a gente se dá bem. Não desejamos mal a quase ninguém. E a gente vai à luta. E conhece a dor. Consideramos justa toda forma de amor.

Psicologanda, aprendiz de psicanalista, professora de inglês, violonista, estagiária de recursos humanos, piadista, pseudo-atriz, exímia desenhista e agora, dona de um clown! Esse ano será muito bom!

domingo, 20 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sobre a sobremesa de hoje


Era uma base da famosa massa podre, com um montinho branco em cima, granulado verde, e uma imitação de cerejinha no topo.
Eu, habituada com as “inventanças” da empresa de alimentação, não me assustei. Estava vivendo perigosamente naquele dia. Aliás, já que sempre tive os olhos maiores do que o estômago, resolvi encarar e pedi pra Thaty mandar descer dois!
Minha única condição era que não tivesse nada de abacaxi.

Abri a boca em um “O” que deve ter sido, no mínimo, engraçado e envesguei enquanto olhava o doce perto do meu nariz. Respirei fundo e dei a primeira bocada. Sensação e percepção nunca estiveram tão desconexas.
A imitação de cereja realmente era uma cereja. E é só disso que tenho certeza.
O granulado verde parecia sujeirinha de borracha. O montinho branco tinha gosto de creme de barbear. A massa da base me lembrava carvão de churrasco.
Apesar disso, esse almoço foi um dos menos piores. Bom é quando a sobremesa lembra algo que você conhece. Ruim costuma ser nos outros dias, em que você come e não tem signo NEM significado para associar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sobre as aulas da Edna


MEU SONHO
Álvares de Azevedo

"EU
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? — O remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? que mistério...
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!..."

Sobre super-heróis e kriptonita



Sabe a história do Super-Homem e da Kriptonita? Pois bem... É mais ou menos assim que funciona todas as vezes em que o vejo.
E eu preciso de um antídoto logo, porque com a anulação dos meus super-poderes (e efeitos colaterais como tremor, sudorese, gagueira e rubor), não consegui me despedir de uma das pessoas mais especiais pra mim nesse mundo, e, depois de hoje, não que eu vá para muito longe, mas, provavelmente, só o veja em, no mínimo, dois anos e meio.

Mas eu sou super forte, e esse tempo todo passa super rápido. Não passa?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sobre um ano e meio sem dormir



Guiada por minhas contas, neste mês completo exatamente um ano e seis meses sem dormir (no sentido estrito da palavra).
Um ano e seis meses me revirando na cama, com os olhos fixos nas estrelinhas brilhantes do teto do meu quarto, acordando de sonhos ruins, gritando nomes durante a madrugada, enquanto choro de soluçar. Quem, por compaixão, vem me acordar, diz que é de dar dó.
E nem o início da análise ajudou. O sono atrasado, as olheiras, e o prejuízo cognitivo estavam tão intensos que cheguei a ganhar uma caixinha de dramin de uma amiga.

Tudo começou quando, no auge dos meus 19 anos, me apaixonei pela primeira (e única) vez.
Ok, ok. Se foi a primeira vez, como dizer que foi realmente uma paixão?
Bom, se paixão é ter, desde o primeiro pensamento do dia, até o último da noite voltado a uma pessoa - incluindo seus sonhos - (e não ter vontade de matá-la por um motivo qualquer, diga-se de passagem), então presumo que seja uma paixão e que, por força de um destino que quer me deixar cheia de olheiras, gastanto bastante dinheiro com corretivo, ainda vivo este estado patológico e irrevogável.

Depois de meio ano, sofri a rejeição mais dolorosa desses quase 21 anos.
Então, o motivo para eu não dormir não era mais ansiedade. Era tristeza, saudade, constrangimento. Quando é que gostar de alguém tinha se tornado algo a esconder? Como é que nunca me ensinaram isso? E eu fui dando a cara a tapa, assim, sem mais nem menos... Ainda hoje não acredito. Juro.

Mais seis meses, e eu resolvi provar para mim mesma que não podia ter minha vida (e meu sono) regidos por alguém que mal sabe como se escreve o meu sobrenome. Numa fase de rebeldia extrema (bem quando arranquei dois dentes do juízo), há um ano sem dormir, resolvi colocar um piercing na orelha direita.
E lá se foram mais quatro meses sem dormir. Dessa vez, de raiva, porque mal podia me virar para o lado da cartilagem furada e já acordava com a dor. Quando ela estava quase cicatrizando, consegui a proeza de enroscá-la na porta da geladeira de casa. Inchou tanto, mas tanto, que tive vontade de arrancá-la junto com a jóia. Mas, cá estamos nós, vivendo harmoniosamente. E sem dor.

Quando percebi que minha orelha já não doía, resolvi ir ao salão de cabeleireiro e dar uma repaginada nessa minha cara de final de semestre. O tom avermelhado do meu castanho nunca foi algo que me agradou muito, e, às vezes, me sentia meio a caipora.
Comprei protetores de orelha, e, lá fui eu, pedindo um preto bem brilhante. Sempre achei lindo o contraste da pele branca com os cabelos escuros. Eu estava certa de que me cairiam bem. Cem por cento de aprovação.
Percebi que a tinta deu uma avariada nas madeixas. E o preto fica bem melhor quando brilha. Então deveria dobrar os cuidados caseiros com a cabeleira.

E, agora, nem ansiedade, nem tristeza, nem saudade, nem constrangimento, nem dor. O que me acorda durante a noite é o barulho da touca térmica a cada viradinha na cama.



Hoje, depois de toda a correria e preocupação com as provas de fim de semestre (apesar da minha calma sobrenatural durante esse período), tentei dormir durante a tarde. E acho que consegui. Cheguei até a sonhar. Sonhei com algo engraçado que aconteceu durante essa última semana. E acordei. Com a minha própria gargalhada. Desisto.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sobre o fim do 5º semestre


Eu devo confessar que sempre detestei as aulas de Psicanálise durante o 4º semestre. As erratas das Obras Psicológicas de Sigmund Freud me confundiam muito, e eu já não sabia o que estava no meu inconsciente, mas que fazia parte da consciência também, o que era só recalcado, e se o que era só recalcado podia chegar à consciência. Tão confusa que, às vezes, quando os olhos do Ricardinho anoiteciam azuis, me confundiam a cor deles e a água da praia de lá de casa. E eu nadava longe. Bem longe.

Foi um semestre terrível. Eu acabei generalizando estímulos e tudo se tornou uma grande punição. Acho que por isso eu detestava não só psicanálise, mas todas as outras matérias, a começar por neuroanatomia funcional. Tinha uma vontade obstinada e imensa de chorar todas as vezes em que ouvia a palavra “oligodendrócitos/trócitos”. Mas aprendi direitinho, excluindo a parte do tronco encefálico. Desse eu tenho birra até hoje.
Tanta birra que, logo que começam a falar de qualquer estrutura habitante da caixa craniana perto de mim, já bocejo que nem doida. Ainda sim consegui fechar os Fundamentos da Neuropsicologia com dois 9,5 (dois porque fiz a integrada há três meses, até hoje ainda não sei da nota, e estou desanimada demais para assumir a responsabilidade pela contagem. Matemática nunca foi o meu forte).

Surpreendida por um bom desempenho nas últimas avaliações deste semestre (que, diga-se de passagem, é o ultimo do ano, e normalmente é somado a stress, festinhas, amigo-secreto, trabalhos, provas colossais, despedidas (e o preparo para a saudade que eu sempre sinto DELE durante quase três meses), mudanças e o desejo intenso de que tudo isso acabe logo pra poder ir pra Santos, sentar nos banquinhos à beira-mar e "distrair-me com a linha do horizonte"), tenho a sensação de missão cumprida. Até o 9,0 em Psicologia e Práticas em Educação que me faz torcer o nariz desde o primeiro semestre, e ter vontade de abandonar tudo e partir pra veterinária, me deixou orgulhosa da minha fantástica capacidade prolixa. Os arrepios e os olhos marejados durante as aulas de Ética e os livros poeirentos de Nietzsche, o interesse ininterrupto sobre finitude em Desenvolvimento Humano e o prazer em escrever sobre o Lúdico e o Desenvolvimento Infantil me deram a certeza de que todos nós realmente nascemos destinados a algo e sabemos fazê-lo naturalmente bem. Sinto-me muito feliz por ter descoberto o meu “algo”.

E que venha Jung!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre coisas idiotas


Às vezes, no auge dos nossos 20 anos, com preocupações com contas pra pagar, comer mais salada, se o Acre existe ou não, se a semente do tomate tem muito agrotóxico, se vai ou não aderir às Meat Free Mondays, se vai gostar ou não de Curitiba, se skype funciona tão bem quanto telefone, se pisar em xixi de gente dá leptospirose, se ele fez boa viagem, se a depiladora vai atender no feriado... A gente se pega no meio de uma conversa tão idiota, sobre um assunto tão idiota, usando argumentos tão idiotas e por meios tão idiotas, que dá vontade de pedir pra uma BIGORNA cair na nossa cabeça.
But there's no denying the ridiculousness at this point.

Maurício e eu, definitivamente, vamos para o inferno! E que venha a sexta-feira!

Sobre as sessões de acupuntura


8 horas, manhã chuvosa, o telefone toca.

- Alô.
- Oi, eu queria saber sobre as sessões de acupuntura!!
- Como?
- As sessões de acupuntura!
- Quê?
- As sessões de acupuntura, eu queria saber os preços, o horário...!
- Mas eu não sei!
- O horário?
- Não, eu não sei nada de sessões de acupuntura!
- Ué, mas aí não é 9472 7033?
- Ahh, não... é 9472 7 UM 33.
- Opa, desculpa.

Ricardo me olha com olhos de elfo doméstico. O telefone toca.

- Alô.
- Oi, eu queria saber sobre as sessões de acupuntura.
- Moço, eu não sei sobre as sessões de acupuntura. Liga no 9472 7033.
- Mas não é esse numero??
- Não, aqui é 7133... as sessões de acupuntura são no 7033.
- (silêncio) Mas como vc sabe??

Desliguei. E aprendi, não atendo mais.

Por Tatiane. Que não sabe MESMO sobre Acupuntura.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Sobre a pedra da feiticeira



Pedra da Feiticeira - São Vicente/ SP
A lenda:
Contam que uma misteriosa mulher pernoitava ali na chamada “Cama da Velha”. Essa senhora apresentava-se muito mal tratada, com longo vestido, parecendo à imagem lendária de uma bruxa.
Contavam que ela acendia fogueiras acenando para os barcos que ao longe passavam. Não molestava ninguém. Dizia que amava um marinheiro que por ali havia conhecido, quando mais nova, que a deixou prometendo voltar. Ficara grávida, mas ele nunca mais apareceu.
Por decepção e crise mental, perdeu a gestação e naquele local, na pedra onde ocorreram seus encontros amorosos, permanecia por longos períodos esperando a volta do tão amado marinheiro.
Certo dia, achando que alguém de um barco distante lhe acenava, foi adentrando ao mar, em maré cheia, junto às pedras, e ali morrera afogada, sob forte correnteza. Dizem que ainda hoje no local, em algumas noites de luar, escutam-se vozes daquela “feiticeira”.
Fonte: Boletim do IHGSV

Tem dias que eu acordo com tanta saudade de Santos que por pouco não coloco a mochila nas costas e desco correndo pra casa. Corro pra nadar perto da Ilha Porchat, sair de madrugada com o Maurício ouvindo o acústico do Lenine bem alto. Corro pra sentar nas pedras quando a maré estiver baixa, pra caminhar contra o vento logo de manhazinha. Em casa não existe pressa, e eu quase me esqueço de que lá eu não preciso correr. Eu fico segura, assim, meio que sei lá, em paz...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre o filé de peixe à milanesa


Dezembro de 1995, aos 6 anos, eu passava o natal na casa dos meus avós, em Itatiba.
Com todo o apetite de “lima nova”, como meu pai, sabiamente, me apelidou, acabei com quase uma travessa de peixe assado na mesa.
Só me restava deitar com o "bucho cheio" e esperar Papai Noel (vulgo tio Rê passando um calor ‘bahiano’), quando senti um espinho/nha travar na garganta.
Devo ter ficado por cinco horas comendo cinco toneladas de pães e bebendo cinco litros de leite para que o espinho/nha descesse. Engordei cinco quilos naquele natal. Nada.

Dezembro de 2009, aos 20 anos, depois de mais de uma década evitando religiosamente qualquer tipo de fruto do mar, eis que surge um filezinho branquinho, branquinho em meu prato.
Receosa, dou a primeira garfada. Suo frio. Separo dois copos de suco de caju, treino uma aeróbica com o pescoço, preparo-me para mil tossidas nada discretas.
Outra vez o espinho desce rasgando a garganta. Tlim, tlim, tlim. Esbarra em algo. Algo de quatorze anos. E os dois se vão pelo meu esôfago em direção ao estômago.

Droga. Mais um filé, por favor.

Por Tatiane. Sentindo-se abandonada.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Sobre os irmãos Corrs




It´s late at night, and I´m feeling down
There's couples standing in the street
Sharing summer kisses and silly sounds
So I step inside, pour a glass of wine
With a full glass and empty heart
I search for something to occupy my mind.

'Cos you are in my head
Swimming forever in my head
Tangled in my dreams
Swimming forever.

So I listen to the radio
And all the songs we used to know

So I listen to the radio
Remember where we used to go.

Só porque eu AMO o violino dos irmãos Corrs!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sobre palhaços



"Clown é a pessoa que fracassa, que bagunça sua vez, e, fazendo isso, dá à audiência o senso de superioridade. Através de seu fracasso, ele revela sua profunda natureza humana, que nos comove e nos faz rir, é um perdedor feliz". (Lecoq)

(apesar das minhas experiências com palhaços não terem sido, digamos, absolutamente positivas).


Alguma chance de eu ser abduzida nos próximos dias? Simplesmente não aguento mais. NÃO AGUENTO.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sobre aprendizado em São Paulo num dia de chuva


Se o seu horário de entrada no trabalho é às 8 horas, mas você chega às 9 e meia, tudo bem.
Se você precisa pegar metrô, vá a pé.
Se você vai andar a pé, proteja os olhos dos guarda-chuvas alheios.
Se você vai andar a pé no centro, use botas. De couro. Impermeáveis. O chão é pura leptospirose. JURO.

Note to São Pedro: MANO, para de chover que essa noite a gente vai dormir na frente do Teatro e eu VOU assistir a Bela e a Fera. DE GRAÇA!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sobre o natal




Houve um tempo no qual eu esperava o ano todo para que dezembro chegasse logo.
Aliás, mal terminava novembro e eu já estava livre da penitenciária, digo... escola, professores chatos e colegas irritantes.
Seriam dois meses destinados à sessão da tarde, às dormidinhas até às 9h da manhã (já que, desde pequena, todo mundo em casa reclama que a Tatiane não consegue passar mais tempo quieta na cama), quinzenas em Santos ou a semaninha na chácara dos avós comendo um franguinho com arroz bão demais.

Eu amava essa época! Adorava ajudar minha mãe e minha irmã quando montavam a àrvore de natal (nem me importava com a poeira), e ficava horas e horas vendo as luzinhas coloridas piscarem, piscarem... Piscarem até cansar.
Lembra-se do ano em que meu pai fez uma cascata de luz frente à nossa casa? Ele ficou horas e horas pendurado na escada e, naquela noite, fiz questão de acampar na sala.
As festas no interior; a bagunça com os meus primos; muita comida; meu tio vestido de Papai Noel caindo em cima de todos os nossos brinquedos.

Percebi que havia algo de errado quando saí do reveillon e, de repente já estava em outubro, comemorando o último aniversário do ano lá em casa.
Os shoppings já estavam decorados e haviam tantas propagandas de natal na TV!
Foi aí que comecei a me perguntar por que Papai Noel tinha que usar gorro e casaco numa época de tanto calor. Ano seguinte, e eu já não tinha a minha sessão da tarde. No próximo, meus colegas irritantes eram companhia constante não só na escola, mas nas três instituições de ensino que eu frequentava durante o dia.
A única coisa que me dava prazer em dezembro era cantarolar My December, do Linkin Park. E eu me imaginava em Londres. Com um monte de luzinhas. E neve, claro.

Hoje pela manhã minha mãe me perguntou se eu a ajudaria a montar a árvore no final de semana. Meu nariz torceu. E não foi pela "alergia emocional".
Um calor de 28º às 8h e Papai Noel no shopping insiste em usar gorro e casaco vermelhos.
Minha última prova do semestre, agora, acontece na semana que antecede o natal.
Estaremos no ápice. Fechamento da folha no trabalho, ruas lotadas, pessoas gastando todo o seu 13º em lojas de R$ 1,99 ("É só uma lembrancinha...", elas avisam), comprando presentes que caibam no bolso, cinco horas de sono por noite e minha avó nem cria mais galinhas.
Meus tios separados, meus primos em outro estado. Meu pai, coitado, anda trabalhando demais, nem pensa em outra cascata de luz na frente de casa.

Novembro pára. Dezembro morre. Em janeiro, nada funciona.

Deve ter acontecido alguma coisa. Algo muito grave. Ou fui eu, ou o natal.
Talvez seja o Papai Noel que, certamente não me dará o que eu tenho pedido à tanto tempo.
Eu, definitivamente, não sou [mais] muito fã do natal. E ainda não estou muito animada com as festas de final de ano.



"This is my december, this is my time of the year.
This is my december, this is all so clear.
This is my december, this is my snow covered home.
This is my december."

domingo, 22 de novembro de 2009

Sobre 2012


Ok, ok. E quem disse que os Maias realmente preveram o fim do mundo para 21 de dezembro de 2012? Às vezes os caras ficaram com preguiça de terminar o calendário. E, tcharam! Milhões pra indústria cinematográfica!

O filme é ótimo. Principalmente para ser visto em salas da playarte, direto da segunda fileira (sarcasmo como forma de defesa), com super lotação e "pessoas de má fé e má índole que compraram os ingressos para o domingo e entraram na sessão de sábado". Furo para começar o "cadê o filme, cadê o filme, cadê o filme" - em coro.

Traços de Independence Day e O Dia Depois de Amanhã, com vários prédios caindo, a terra abrindo, tsunamis, uma aeronave batendo na Torre Eiffel (era ela mesmo?) e o nosso Cristo indo abaixo.

Incrível como, no meio de tanta gente morrendo, você se pega torcendo para que um cachorrinho consiga subir na nave segura e para mais meia dúzia de pessoas. E quase implorando para não abrirem as portas.
Aliás, good question: abrir a porta da nave para as milhares de pessoas do lado de fora e correr o risco de colocar tudo a perder, ou garantir a sobrevivência de poucos e a continuidade da espécie humana?
Sei lá.


DO SAPATO DA SOGRA
- Calma, anda mais devagar!
- Por quê?
- Meu sapato tá me machucando.
- Que sapato é esse?
- O sapato que minha sogra deu.
- A-ha, isso foi planejado! Pra te fazer sofrer!
- Pior que não. Esse sapato foi caro!
- Isso! Foi investimento!

DO RELÓGIO DE PONTEIRO
- Ela não sabe olhar horas no relógio de ponteiros.
- Claro que sei.
- Ah, é? E que horas são agora?
- São vinte "pras" oito. Vinte "pras" oito porque eu aprendi que depois que passa do sete (35), a gente começa a contar os minutos.
- E ANTES NÃO?!
- Não...

DA EXCURSÃO
- Cara, por que o filme não começa logo?
- Porque os caras estão fazendo barulho.
- Quais caras?
- Aqueles que vieram de "caravela"
- Do quê?
- Caravela...
- Caravana?
- Ah, isso...

sábado, 21 de novembro de 2009

Sobre os encontros


en.con.tro
sm (der regressiva de encontrar) 7 Junção de pessoas ou coisas que se dirigem para o mesmo ponto ou se movem em sentido oposto.


DO TRÂNSITO.

Ela desceu do ônibus e o viu no carro, do outro lado da avenida. Esperou para atravessar enquanto apertava o botão compulsivamente. O coração batendo entre as amígdalas.
Depois foi a vez dele. A notou enquanto o vento fazia a cabeleira dela machucar o rosto, de tanto que soprava. Escondeu-se, encolhendo-se no carrinho minúsculo e vermelho atrás do ônibus da faixa do meio.
O semáforo ficou amarelo. Ela quis voltar para o ponto de ônibus. Seria ridículo, mas não cruzaria o caminho dele (mais uma vez), mesmo que fosse só pela faixa de pedestres. Claudicou, respirou, voltou.
Os segundos antes do farol finalmente ficar vermelho pareceram uma eternidade enquanto o estado confusional dificultava a tomada de decisão. De ambos.
No meio do estupor, ouviu-se a cantada de pneus. Era o carrinho vermelho, com um motorista vermelho, posicionando-se à frente da faixa. Ela respirou aliviada, como se o agradecesse por isso. E atravessou. Atrás do carro. Era ele quem lhe cruzava o caminho.
Ele, lá dentro, tremia e transpirava mais do que o normal. “Mas ela só tem um metro e meio”, pensou “Que mal poderá fazer?” – ALÉM DESSE.


DA ESCADA ROLANTE.

Ela caminhava, conversava e ria. Ele só caminhava e conversava. Encontraram-se na frente das escadas rolantes. Ela um pouco mais adiantada; ele, alguns metros atrás. Ela desviou o rosto, mas antes disso pode perceber a pressa dele em se livrar de suas duas companhias.
Um pouco acima, ela o via pelo vidro espelhado, subindo três degraus por vez até parar atrás dela. Passou à sua frente e girou num ângulo de 45 graus para que ela entrasse em sua visão periférica. Olhou ao redor com o mesmo cinismo que usou em sua última conversa "franca".
Ela riu e foi para o lado oposto. Ele continuou subindo as escadas. Um degrau por vez.


DO TÉRREO.

Ela ainda o estava evitando. Não quis ir à reunião de despedida.
Aguardou as amigas no térreo, e, quando retornaram, parou mais quinze minutos pra bater um papo. Ele apontou no corredor.
Ela pega o telefone e se afasta do grupo, discretamente. Finge estar conversando.
Ele a vê de longe. A vermelhidão toma conta da sua pele, desde o peito exposto pelo botão aberto da camisa até a raiz dos cabelos. Para no pequeno grupo para dar um último tchau e não consegue. Gagueja demais. Não respira e mal coordena as palavras e seu pensamento.
Sai em direção à rua, mas, antes disso vira-se e lança um olhar de emergência na direção dela. Ela treme.


DO EMARANHADO DE PAPÉIS.


Ela vai até ele para se despedir. E vai sozinha para compensar sua fuga na semana anterior. Não tem orgulho. Ele sabe o quanto ela o ama.
Chega na porta e pede licença. Entra, sorri, senta. Fica cinco minutos jogando palavras que parecem não seguir um fluxo. A conversa não é natural. Ela avisa que tem que ir embora. Ele se levanta, segurando um aglomerado de folhas de papel. Folhas molhadas de tanto suor, que tremem junto com o movimento das mãos. Dá um beijo na bochecha rosada dela. Ela não dá espaço para abraço – seria demais – e vai embora. Mais uma vez.


E ainda há espaço para dizer “não há nada”?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sobre olhos e olhares



Dizem que os olhos são a janela da alma. Nesse sentido, não é completamente impossível se apaixonar por olhos. Ou por um olhar.
A queda veio quando notei que eram de tons de castanho, que às vezes me remetiam a chocolate quente ou massa de brigadeiro na panela.
Às vezes chegavam até mim brilhantes e acompanhados de um sorriso único. Às vezes vinham com uma seriedade ímpar.
Às vezes eu apenas os via sob o reflexo das lentes dos óculos.
Às vezes eu os olhava e não conseguia me reconhecer espelhada neles.
Vê-los era tão inexplicável que escrever não me fará chegar ao menos perto de conseguir expressar o que eu sentia.
Engraçado parar pra pensar sobre isso agora. Já não me lembro do rosto, dos lábios, do tom e textura dos cabelos. O perfume sumiu da minha memória como se nunca o tivesse sentido. Não consigo me recordar da suavidade e calor do toque ou do som da voz e do riso. Mas aqueles olhos... Nunca mais esqueci aqueles olhos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sobre o amor e a saudade


Eu sempre achei que o amor e a saudade são dois sentimentos que andam lado a lado.
Um só existe na presença do outro, no sentido de que só sentimos saudade do que amamos.


Portanto, quando alguém diz que sente sua falta, na verdade, está dizendo que o ama


Dói... Dói de saudade.

Sobre elaboração onírica


Ke-chan é uma das pessoas com quem mais tenho passado o meu tempo nos últimos três anos.
E eu estou convencida de que ela detesta o Piu. Eu o adoro. Um pouco porque ela o detesta. E um pouco porque eu sempre tive um tendência inata a adorar criaturas estranhas.

Acho que a discussão super produtiva durante a aula de ética do Ricardo ontem sobre servir ou não coxinha na festa de casamento, me fez sonhar com o meu próprio enlace matrimonial, e com o menu da festa.

A tensão começou quando os preparativos incluiam a chegada da minha sogra, vinda de Serra Negra, três meses antes da cerimônia, trazendo com ela uma tonelada de sua iguaria culinária, a deliciosa "carne maluca" congelada. Quando cheguei do trabalho naquele dia, encontrei minha vida vestindo um shortinho azul curtérrimo e apertadíssimo, com a cara inchada, vermelha, amassada mais linda dessa vida e o restante dos cabelos malucos e ouriçados no topo da cabeça, provando, com um biquinho, na colher de pau, um pouquinho do preparo que já descongelava há três semanas, enquanto sua pequenina progenitora trabalhava minuciosamente em um caldeirão super-hiper-mega-blaster grande no MEU fogão.

Seriam três longos meses se, como em CLICK, eu não adiantasse até o dia da cerimônia para encontrá-la chorando desesperada na primeira fileira da igreja, enquanto meu amor desfilava pela nave com toda a sua sutileza de elefante reumático - "filhinho, porque você fez isso com a mamãe?", ela dizia. Antes do calor subir pelos meus pés até o meu cabelo impecavelmente preso, e desejar fazê-la ter consciência de que o filho deveria agradecer-me por livrá-lo da condenação de comer mingau todas as noites, lembrei-me de que EU era a noiva, e deveria estar no altar ao lado dele.
Enquanto me preparava para correr até a porta, notei que meu amado já estava acompanhado no altar. Ah sim... A adorável pessoa (a qual não devo revelar o nome) era alguém do sexo MASCULINO.

Ah, droga. Droga, droga, droga!
Mas até em sonho ele faz questão de ser aversivo?

Não é o bastante morar em uma pensão, usar roupas sociais porque são leves e a lavanderia cobra mais barato, manter uma dieta à base de toddynho e passatempo e ser fã incondicional de ABBA e Frenéticas, ainda me dá uma dessas no dia do meu feliz casamento?

O sonho terminou "idioticamente" quando tive que passar o resto dos meus 5 meses comendo lanchinhos de pão com carne maluca. Acompanhada da sogra. Já que o meu ex/ futuro-marido estava em lua de mel desde o sábado a noite (mas voltaria na segunda para a semana de provas).

Ah, Piu, Piu, Piuzinho... Casa comigo?
Eu JURO que aprendo a cozinhar carne maluca!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Sobre meu tocador de memórias



- O Sr. poderia me indicar o caminho?
- Onde deseja chegar?
- Eu não sei ao certo!
- Bom, neste caso não importa muito que caminho seguir! Por este lado chegará no jogo de cartas da rainha. Por este outro lado encontrará um chapeleiro maluco. Não importa por onde siga, só encontrará gente louca!
- Mas eu não quero me encontrar com gente louca!
- Você não pode evitar. Todos aqui são loucos. Eu sou louco, até você é louca! (...)
- Como sabe se sou louca?
- Ora, deve ser ou não teria vindo aqui!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sobre a ressaca da integrada



Depois da quarta "entregada", eu achei que estaria bem mais tranqüila do que estou no presente momento. Conhecimentos gerais de mais, psicologia de menos, dissertativas mal escritas. Sofri.

O lado positivo é que o meu péssimo hábito de sofrer por antecipação me fez ir bem em "quase" todas as disciplinas na primeira avaliação (com exceção de psicopatologia, que, por curiosidade, é a minha favorita), sendo solicitada a tirar 7,5 e fechar o semestre.
Mas...
Eu tinha crença de que todos os semestres ímpares eram bons e eu não precisaria de muito esforço neste 5º. Mas enquanto realizava a prova, usando as quatro horas disponíveis, tinha vontade de "rrancar" minha cabeça e jogar boliche com cada uma das pessoas que escreveram aquelas questões "from hell'.

Aí já viu. Ressaca durante quinta e sexta, até eu decidir abandonar o CEPPS e "bora pra Santos".
Meu "cantinho feliz" sempre no mesmo lugar, com o tempo abafado, os banquinhos à beira mar, ventinho gostoso e maresia aguardando o próximo livro.
E, lá vamos nós!

domingo, 1 de novembro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Sobre o amor incondicional


"Faça uma reflexão em sua vida e pergunte-se se você exercita o amor incondicional. O verdadeiro amor não coloca condições, não coloca distâncias, não coloca empecilhos.

O amor verdadeiro é livre, livre do ego, da vaidade, de querer atender a si mesmo. É altruísta. Pensa no outro antes de si mesmo. E coloca toda a sua atenção naquilo que ama. Sem apego! É todo ouvido, todo coração, braços e mãos, pernas e pés. É todo olhos, sentidos. É inteiro naquilo que é. O amor incondicional se entrega, não conhece o medo. Se este se aproxima, anula-o em função de algo maior.

O amor é coragem, é a força que anima a alma. O amor é alegria e não cansaço! O amor verdadeiro não conhece a palavra ?meu?, porque entende que o outro é um ser individual e que somente entrando em ?seu? coração, pode compreender e partilhar. O amor não é o que é por expectativas. Não é temporal. É permanência, fluidez. Não conhece a culpa. Conhece a desculpa, o perdão. Porque é livre de julgamentos e condenações Aproxima, ao invés de afastar. Fala baixo, ao invés de gritar. Porque a nada e a ninguém quer impor-se. O amor incondicional é mais ouvidos do que verbo. É mais gestos que palavras.

O amor vai onde a necessidade está, onde há o vazio. Não escolhe, por vezes, aquilo que agrada a si mesmo, mas onde é útil o seu coração. Sabe que os excessos são prejudiciais e conhece as medidas certas de se doar, sem invadir o outro. O amor incondicional transforma. É príncipe da tolerância e do respeito, guerreiro sem armas de fogo, força da suavidade e compaixão honesta, caridade profunda. Vai além de seus próprios problemas, porque reconhece que os outros também os têm.

Questione-se de suas expectativas mediante àqueles que você diz amar; se você os ama somente quando o agradam; se você é capaz de amar quando ninguém é capaz de fazer o mesmo. Pergunte-se se você é capaz de ser luz na escuridão, de sorrir quando o outro é agressividade; se sabe respeitar o livre arbítrio alheio, e não somente o seu e se é capaz de não impor a sua verdade e compreender a verdade alheia. Será que você é capaz de entrar no coração de seu filho, irmão, companheiro ou companheira, amigo ou patrão ou vizinho? Você se permite conhecer um desconhecido ou então conhecer a fundo aqueles a quem acha que já conhece há tempos? É capaz de olhar além das aparências e do superficial e se deixar enxergar o que somente o coração é capaz? Será que é capaz de deixar de aleijar as pessoas que ama e ajudá-las a aprenderem a andar?

Pergunte-se se é capaz de compreender que desapegando-se daqueles que ama, você caminha lado a lado com eles. Você os olha na mesma altura dos olhos. Você os sente com a mesma batida do coração. Perceba que você não é menos ou mais do que aqueles que o geraram, de que você não é menos ou mais do que aqueles que o contrataram. Deixe de lado suas pobres expectativas ou suas frustrações, ou suas ilusões

Experimente somente estar presente. Sentir, ao invés de rotular a si e ao outro Experimentar o amor ao invés da lamentação. Ser grato por tudo o que é, por tudo o que agora lhe serve. Experimente as dimensões de seu coração em sua totalidade! Quem acha fazer um favor (condicional) oferece um empréstimo. Quem ama incondicionalmente faz uma doação."

(Fernanda Lopes de Luzia, terapeuta holística)

Sobre o passado


"A vida é feita de momentos, momentos esses que se não fossem registrados poderiam se perder pelo tempo e espaço. As pessoas têm o hábito de esquecer as coisas boas que acontecem em suas vidas.
Mas eu guardo as coisas boas como uma doce lembrança, um precioso tesouro, onde me recordarei para sempre daquilo que me ajudou a ser quem sou hoje!"

(Monalisa D'angio, grande amiga, um anjo na minha vida. Peço licença e agradeço por usar suas palavras aqui.)