outubro 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre meu cronograma


Daí que tudo o que eu escolhi fazer ou sacrifiquei até agora foi por conta de um plano maior. Ok, eu acabo viajando um pouco nesses assuntos, mas tenho tantos planos profissionais, acadêmicos e pessoais, que a única solução que encontrei para realizar todos foi começando a faculdade super cedo, para que eu conseguisse estudar tudo o que eu pudesse (e quissesse) a tempo de ainda me casar e ser mãe. Até agora tenho seguido o cronograma!
Meus atendimentos na pediatria tem me deixado ansiosa para acelerar o calendário e chegar até outras partes do cronograma . E em diversas vezes me peguei fantasiando minha vida futura (idiota ao quadrado!). Mas, como você deve imaginar, costumo ser realista até em minhas fantasias. Acredito que serei uma boa mãe. Disciplinadora, séria (apenas nos momentos onde isso é inevitável). No mais, serei muito divertida. Meus filhos poderiam ser iguais a mim. Um pouco mais sociáveis e menos sarcásticos talvez. Mas ainda sim poderiam não dar tanto trabalho (como meus pais agradecem pela ausência de dores de cabeça que os causei).

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sobre as pérolas em House


- A minha vida toda é um grande acordo. Ando na ponta dos pés como se todos fossem de porcelana, passo o tempo todo analisando que efeito teria o que eu digo. Aì vem você, um viciado na realidade: se eu te dissesse uma mentira reconfortante você me bateria na cabeça com ela. Não vamos mudar isso.
- Tá bom.
(House, 5ª temporada, 17ª episódio)

Sobre informações complementares de boas vindas


- Você também é do clube das adoradoras de homens de jaleco?
- Haha, sim, sim! Adoro homens de jaleco. Acho lindo!
- A gente que entra na área hospitalar vem com a ilusão de que vai encontrar vários desses, né? Eu sei que você vem do HC e que lá tá cheio de residente bonito. Mas eu vou adiantar a nossa atual situação: aqui não tem homem, muito menos bonito, tá? rs.

(RCC, TC)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Sobre diálogos dispersos


Na aula de Literatura Universal...

- Não sabia que você gostava de literatura a ponto de fazer anotações durante a aula, Franklin...
- Ah, não... Não são sobre a aula de literatura. São as coisas que eu tenho que fazer durante a semana.
- Deixa eu ver então "fazer o cabelo, fazer a unha, fazer limpeza de pele, PEGAR O TELEFONE DESTE GATO QUE ESTÁ DANDO AULA...". Fran?!?!?
- Que foi...?

(TC, FSS)

Sobre oportunidades de recomeçar


Aos domingos, costumo chegar do HC acabada. Muito cansada mesmo. Tão cansada a ponto de ir me deitar às 19h. Mas hoje estou tão feliz e disposta. Rí o dia todo com a Mari, fiquei muito feliz de verdade quando o Franklin chegou no período da tarde (isso sim é raro, rs) e até o almoço na melancólica lanchonete do InCor foi maravilhoso. Estou com vontade de sair de casa para tomar sorvete. De ir buscar a Jeack na casa dela pra gente ir ao cinema, telefonar ao Gabs pra dizer que tenho saudades, ir dormir na casa da Moninha e ficar acordada até de madrugada vendo filmes, e principalmente fazer uma declaração de amor.
Sinto que absolutamente tudo o que eu fizer a partir de agora será bom! E todos os meus projetos darão certo. Minhas energias estão renovadas, finalmente.
Como é bom ter a chance de recomeçar. Como é bom estar no lugar certo, na hora certa. Como é bom sentir-se feliz!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre minhas bandas favoritas


Porque Linkin Park sempre traduz perfeitamente.

I'm gonna runaway... And never say goodbye!
I'm gonna runaway... And open up my mind!




Graffiti decorations under a sky of dust
A constant wave of tension on top of broken trust
The lessons that you taught me I learned were never true
Now I find myself in question (They point the finger at me again)
Guilty by association (You point the finger at me again)

I wanna runaway, never say goodbye
I wanna know the truth instead of wondering why
I wanna know the answers, no more lies
I wanna shut the door and open up my mind

I'm gonna runaway... And never say goodbye! [Gonna runaway]
I'm gonna runaway... And never wonder why! [Gonna runaway]
I'm gonna runaway... And open up my mind! [Gonna runaway]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sobre minha habilidade linguística


E aí que não sei se por estar impressionada com o Carlos estar no México ou com os meus pares hermanos visitando o Brasil, só sei que resolvi impressioná-los com a minha habilidade linguistica e soltei um "Me gusta burrito mucho". A comida mexicana. Burrito na Argentina é uma posição sexual.
Por Tatiane - a mais popular.

Sobre diálogos dispersos




_ Não sei pra que tudo isso. Sempre foi você.
_ Sempre?
_ Sempre. Mesmo antes de eu te ver pela primeira vez. Mesmo antes de eu saber que era você.
_ Sempre?
_ Sempre, só tive alguns desvios de percurso.
_ Foram bons?
_ Você é melhor.
_ É?
_ É... Você é melhor.
Don't make me change my mind.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sobre Vanessa Santos e suas técnicas projetivas


Para minha amiga "Van de Barueri" (aquela que tem uma PUC perdi'casa).

Ser psicólogo, normalmente, é ser um cientista. Mas não necessariamente um cientista natural. Apesar de me sentir muito confortável com a segurança das ciências naturais, fico totalmente fascinada/ encantada/ abobada com ciências humanas e tenho certeza de que, apesar sentir um friozinho na espinha, adorarei abordar meus pacientes com uma visão freudiana.
Ah, o inconsciente e suas manifestações! Depois que resolvi estudar a fundo projeções, percebi que nos colocamos realmente, durante todo o tempo, despidos para o outro (que felizmente não está "treinado" a perceber nossas confissões inconscientes). Então, decidi que sempre que possível, faria comentários e daria respostas mais ambíguas possíveis esperando as famosas confissões... digo, projeções.
Claro que é impossível prestar atenção nestes pequenos detalhes o tempo todo. E muito chato, obviamente. Não bastasse o medo e o afastamento que os, digamos, "não-psicólogos" mantém de nós, meros seres humanos estudantes de psicologia, dar razão e pitacos sobre o inconsciente dos outros só nos tornaria mais desagradáveis do que supõem que sejamos. 
A cena muda de figura quando, numa conversa de bar, soltamos uma piadinha que envolva estes conceitos e pessoas ficam curiosas para conhecer um pouco dos segredos mágicos dos "profissionais leitores da mente alheia". Já adianto que tentar explicar não é uma boa opção e você pode se tornar vítima de suas próprias palavras, como no dia em que expliquei, a grosso modo, o que era uma projeção a uma colega e cinco minutos depois fiz uma piada infame sobre gases. Claro que neguei a projeção quando todos riram de mim (minha sorte é que eles AINDA não sabiam que negação também é um mecanismo de defesa).
Nessa onda de projeções, ainda não conheci ninguém mais habilidosa (e malandra) a favorecê-las nas pessoas do que Vanessa Santos. Mesmo antes de conhecermos testes projetivos, uma de suas famosas piadas, a do "encher o tanque", já nos fazia inferir diversos dados sobre a sexualidade das pessoas. E ela, definitivamente, é um gênio nisso. Mas é melhor que eu pare por aqui. Sabe como é... Mesmo que fora do setting terapêutico, é ético manter descrição a respeito das pessoas e de nossas inferências.

P.S.: Inferências não são certezas absolutas a respeito das pessoas, uma vez que projeções, a partir das quais elas são retiradas, são conceitos das ciências naturais. E, para nossa sorte, pessoas mudam!


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sobre dramatização


E a incumbência do mês é montar uma peça de teatro em 30 dias. Talvez até menos. Minha idéia é dramatizar algumas das cartas de Fazes-me Falta, aproveitando todo o meu encantamento com o livro. 
Sabia que a formação em cênicas iria servir pra alguma coisa um dia. Se eu tiver um tempinho livre no ano que vem, gostaria de investir mais nesses projetos paralelos junto com a Moninha. Amo teatro! Tanto que amanhã pretendo ver a terceira peça neste feriadão. Desta vez, Contos e Causos, sob direção da Ana Wuo.
Falando nisso, cinco minutos no MSN papeando com a minha prima a respeito dos trabalhos dela no teatro e descubro que a Gê é suuuuper amiga do Fernando Alves Pinto (lembrança: "Fernando Alves Pinto, me dá um abraço?"). Melhor ainda é saber que ela vai nos incluir no próximo programa em que ele estiver presente. Uhul.
Ter contatos é tão bom...!

Sobre o meu super feriado


Monalisa e eu. Somadas a um feriado recheado de programas de solteirona. Especialmente a "emendinha".
A peça Hell é realmente muito boa. E Bárbara Paz dá show de atuação (diferente de suas aparições na TV). Nossa sessão teve direito até a participação de Arnaldo Jabor (chique, meu bem!). Continuando a saga, as visitas à casas de artesanato para montar o ateliê de arte-terapia foram super legais. Galera super gentil essa das artes plásticas. Depois nos entupimos de chocolate aproveitando todas as promoções de doces das Lojas Americanas e, para completar a segunda-feira, um cineminha (e a dupla secando de tanto chorar). Terminamos nossas jogadinhas de Uno há poucos minutos, e deu uma preguicinha de ir pra faculdade assistir a unica aula decente de hoje. Vou me enrolar nos cobertores e ver um bom filme, bem quentinha e quietinha!

domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre meus trabalhos de conclusão de cursos


Eu queria uma idéia nova pro meu trabalho de conclusão do curso de Cuidados Paliativos/ Tanatologia. Nova mesmo. Na verdade, não exatamente nova. Mas que me livrasse da oficina de criatividade. Sabe como é...
Além de nova, segura e boa, não deveria tomar muito o meu tempo, já que estaria vivenciando o fechamento do semestre na faculdade também. 
Bom... Sempre fui boa em relacionar coisas (ah, psicólogos), bem como achar pêlo em ovo. Então, totalmente apropriada da teoria de Elizabeth Kubler Ross, resolvi que relacionaria seus conceitos com um livro. Mas não seria o meu amado A morte de Ivan Ilitch (que, diga-se de passagem, nem eu, nem meus queridos companheiros aguentamos mais ler/ ouvir falar em razão de meus incansáveis desdobramentos). O escolhido foi o fofíssimo "Fazes-me falta", da Inês Pedrosa. Filho da literatura portuguesa.
Fazes-me Falta é um romance que roça o limiar da poesia, um altar erigido ao culto da amizade e do amor, no qual duas vozes se intercalam: a primeira pertence a uma pessoa que acabou de morrer, embora não consiga encontrar o eterno descanso por continuar ligada à vida e às pessoas que deixou. É uma alma que vagueia, perdida nos momentos e nas curvas do tempo, que revê e relativiza as urgências terrenas com a infinitude da eternidade.
A segunda voz sai da garganta de alguém que sofreu a perda de uma pessoa muito próxima, um complemento de si mesmo, um anexo da sua alma. Esta voz viaja nas dores das ausências, dos silêncios, nas interrogações acerca dessa coisa suja e egoísta que é a morte.
Eu realmente acreditei que não teria maiores problemas. Adoro a história e sempre choro quando leio as duas primeiras páginas. O problema é que nunca fui adiante. Ora pois, depois de uma semana, encontro-me parada na página 26. Porque choro sempre que avanço um novo parágrafo. Porque não entendo as expressões portuguesas riquíssimas e sempre recorro ao santo google. 
Acho que vou desistir e usar a dramatização como opção pra terminar esta empreitada. Que ódio...

Sobre os "bastidores da Psicanálise"


A residência ampla e acolhedora, no número 20 da rua Maresfield Gardens, região oeste de Londres, foi a última moradia do criador da psicanálise. Transformado em museu, o espaço guarda mais que objetos pessoais dos antigos moradores – permanece ali um pouco da história de incontáveis analistas e analisandos.

MUSEU SIGMUND FREUD, LONDRES

Para muitos pacientes, e para boa parte do público em geral, o psicanalista é uma figura neutra, discreta, reservada, quando não enigmática, de quem se conhece muito pouco. O que tem certo fundamento. No passado, ao menos, muitos psicanalistas temiam o acting out – a expressão de conflitos emocionais, por meio de comportamento impulsivo – e acreditavam que a proximidade com o analisando favoreceria essa “passagem ao ato”. Além disso, alguns profissionais receavam contaminar o tratamento apresentando-se aos pacientes como pessoas comuns. Por causa disso ainda hoje é rara a possibilidade de observar a intimidade de um analista.

Pois é justamente essa oportunidade que nos proporciona uma casa-museu situada no número 20 da rua Maresfield Gardens, no distrito de Hampstead, em Londres. E não se trata da residência de qualquer analista: o morador foi ninguém menos que o criador da psicanálise, Sigmund Freud. Em 1938, depois que a Áustria foi anexada pelos nazistas, ele, relutantemente, deixou Viena, onde vivia e trabalhava (no famoso endereço, Bergasse 19), e transferiu-se com a família para Londres. A mudança foi penosa para o homem idoso e doente – lutando com um câncer, ele viria a falecer em setembro do ano seguinte. Na casa aprazível no noroeste da capital inglesa Freud pôde contar com um ambiente confortável e, muito importante, com o apoio da família. Moravam com ele a esposa, Martha, a cunhada Minna, a empregada, Paula Fichtl, e a filha, e também terapeuta, Anna. Extraordinariamente dedicada ao pai, ela continuou vivendo ali até morrer, em 1982.

O aposento que mais chama a atenção é, sem dúvida, o gabinete com a biblioteca – onde, mesmo exilado, continuou atendendo seus pacientes. O idioma não foi problema: ele falava bem inglês, ainda que com forte sotaque. (...) É no gabinete que está o divã analítico original, trazido da Bergasse 19. Muito confortável, tem almofadas de chenile e está coberto com um tapete persa ricamente colorido. Sobre a peça há outros tecidos orientais. Para quem já freqüentou consultórios psicanalíticos isto não deixa de chamar a atenção.Por exemplo, quando comecei minha análise, a regra entre os freudianos era atender num ambiente o mais neutro e despido possível. Mas isso, pelo jeito, não preocupava Freud – assim como não o preocupava manter o distanciamento dos pacientes. Quando um deles, o aristocrata russo Sergius Pankejeff, conhecido como “o homem dos lobos” (por causa do famoso sonho em que via esses animais encarapitados em árvores, sonho esse retratado num desenho exposto no museu), ficou financeiramente arruinado, Freud lançou uma espécie de campanha no círculo analítico para ajudá-lo. Ou seja, tratava seus pacientes, ou pelo menos alguns deles, de forma especial. E talvez o divã, com seus tecidos e tapetes, desse testemunho disso.
Tapetes e tecidos com cores fortes cobrem o divã trazido de Viena: pouca preocupação em manter neutralidade do ambiente de atendimento

O dono da casa era um leitor voraz. Sua biblioteca inclui livros de psicanálise, medicina, psicologia, ciências biológicas, filosofia. Ganham destaque autores como Charles Darwin, Jean-Martin Charcot e Richard von Krafft-Ebing. Como seria de esperar, são numerosos os textos sobre arqueologia. Mas ali encontramos também grandes obras literárias: Johann Goethe, William Shakespeare, Gustave Flaubert, Heinrich Heine, Nikolai Gogol, Anatole France. Freud dizia que, antes mesmo da psicanálise, poetas e ficcionistas já exploravam os meandros do inconsciente. Em Os dez amigos de Freud, o brasileiro Sérgio Paulo Rouanet estuda as obras prediletas do psicanalista – que, aliás, foi contemplado com o Goethe, famoso prêmio literário oferecido pela cidade de Frankfurt. Mas só uma parte de seus livros estão no museu; muitos foram adquiridos pelo New York State Psychiatric Institute e estão agora na Universidade Columbia, em Nova York. Outros foram doados para a Biblioteca do Congresso, em Washington.



terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre minha ausência de cautela com coisas de plástico



Cheguei "varada de fome" (Tiiii, que saudades de assistir a novela das 20h contigo, lôro!), coloquei algumas salsichas no fogão, esquentei o purê de sábado a noite e fui passar a maionese no pão. Abri a geladeira e ví o vidro - de plástico. O pensamento automático foi engraçado "Ufa... Ainda bem que é de plástico. Se cair, não quebra! Um trabalho a menos." Peguei o pote e... Derrubei.
Reprisei o pensamento muito rápido. E, claro, não posso chamá-lo de inconsciente. Mas, que tipo de mecanismo é esse que anunciava que eu derrubaria/ deixaria cair de propósito o pote mesmo?
Bem, acho que, além disso, tenho tomado pouco cuidado com algumas coisas só porque elas são de plástico. Mas NEM LIGO.
(Que seja... Só o Carlos entende essas coisas mesmo...)

d..b
Ice, ice baby, Vanilla Ice

Sobre a projeção


"Adriana, pode-se dizer que é uma mulher de livros. Dorme cercada por eles, espalhados na cama. Hábito que adquiriu ainda criança, incentivada pela enorme bilblioteca da casa e sua péssima saúde respiratória - não tinha muito o que fazer além de ler. (...) percebendo que a elegância está diretamente ligada à leitura. Acima de tudo, não se sente mais integrada à sua natureza do que quando tem um livro nas mãos".
(Fernanda Young, último livro)


Projeção mode [ON]

Sobre o quanto adoro o silêncio



Eu nunca confessei, mas os mais próximos e com mais tempo de casa percebem que eu sou o tipo de pessoa que se perde em pensamentos freqüentemente (mas não em momentos onde esta prática não é permitida). Posso estar no meio da 25 de Março e repassar mentalmente coisas que aconteceram há sete anos atrás. Relembrar, procurar respostas ou pequenos detalhes que eu deixei passar. (Re) vivenciar coisas boas e ruins... Sentir de novo. Por diversas vezes encontrei soluções ao fazer isso. E o reforço só fez com que parar durante um jogo de volley no meio da quadra com as mãos na testa fosse uma constante (é, pensando bem, faço isso até mesmo quando não atentar para estímulos aversivos no rosto não é muito indicado). Claro que atitudes como esta me tornam praticamente um museu, além de contribuirem para minha dificuldade em assimilar perdas resistência à mudanças.
Acredito que por conta deste estranho hábito eu prefira o silêncio em detrimento de diálogos supérfluos. É incontestável que eu adoro uma ironiazinha aqui e um sarcarmozinho alí, mas, se nos encontrarmos 10 vezes durante o dia, em pelo menos 7 delas eu estarei com o pensamento distante e os olhos fixados em algo (gosto de fazer isso com livros e textos na mão. Fixar os olhos neles faz eu parecer menos idiota, a menos que um conhecido esteja sentado à sua frente e perceba que há pelo menos 5 minutos você não muda a página).
Não me importo com o silêncio. Acho até bastante confortável. E, na maioria das vezes tenho uma sincronia tão grande com as pessoas com as quais escolho dividi-lo (sim, eu divido silêncio e existem outras pessoas que não se importam em fazê-lo) que quase sempre pensamos sobre as mesmas coisas e fazemos comentários sobre elas, o que torna o diálogo totalmente ininteligível para um eventual "passante".
Enrolei tanto para dizer que, mesmo depois de ANOS, como algumas pessoas podem não perceber essas nuances e fazer doce achando que eu estou quieta porque estou brava, triste ou desconfortável, e ainda por cima perguntar trezentas e setenta e quatro vezes "Tá tudo bem?", mesmo diante de todas as minhas educadas respostas de "Sim, sim... Não se preocupe, estou apenas pensando na AV2 de ATAPP", ou ainda sentar-se ao seu lado no ônibus às 07h da manhã e, diante da total ausência de pulsão de vida no meu aparelho psíquico, buscar assuntos banais para preencher a deliciosa paz do não falar?

P.S.: Pareço chata, mas é só a TPM! =P

d..b
Forever Young, Aphaville

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sobre coisas que já não cabem mais



Jean e eu nos conhecemos há quatro anos atrás (talvez um pouco mais), por meios virtuais. As semelhanças em nossas vidas seriam o suficiente para nos fazer ficar próximos durante toda uma vida. Nascemos no mesmo ano, mês, dia, no mesmo hospital. E nos reencontramos exatamente 18 anos depois, quando ambos comemoravam a maioridade. Gostávamos das mesmas bandas, tínhamos a mesma fixação pelo Johnny Depp e endeusávamos nossos cabelos longos e lisos. Ambos eram sarcásticos, irônicos, meio bobos, adorávamos desenhos e falar inglês. Não sabíamos ao certo o que desejávamos para nosso futuro e mal nos lembrávamos do último jantar. Passávamos horas rindo no meio de um besteirol infinito.
Well... Esta história não é dramática ou engraçada. É apenas uma história comum. Na verdade, bastante comum e parecida com a minha relação com a maioria dos meus amigos (amigos mesmo). E resolvi escrever sobre ela porque, depois de uma pane no sistema online que nos mantinha sempre em diálogo, perda da minha agenda e a mudança dele e da família para o Paraná, perdemos totalmente o contato.
Mas hoje, andando por São Paulo, trombei em um garoto loiro, com os olhos azuis mais lindos deste mundo e o cabelo lisinho penteado para a esquerda. Claro que demorei um tempinho para fechar a boca, racionalizar e pedir desculpas. Mais um tempinho para reconhecê-lo e mais um pouco para perceber que ele já havia me notado antes mesmo de trombar comigo e que, na realidade, a culpa da colisão era dele.
Conversamos por mais ou menos trinta minutos e pude perceber o quanto quatro anos podem mudar uma pessoa. Ou duas. Antes metaleirozinhos farofa, agora quase engenheiro e psicóloga. Antes cabeludos quase headbangers, agora escovados e arrumados. Camisetas de banda deram lugar a camisas sociais e a conversa alta e gargalhadas foram substituídas por diálogos cheio de palavras difíceis e de idioma próprio das formações escolhidas.
Conversamos, conversamos, conversamos. E a conversa já não era mais a mesma. A sensação de ter uma parte do passado presente era confortante, mas já não parecia a mesma vida e nem as mesmas lembranças. Passamos a tarde juntos, tomamos café na Paulista, vimos uma peça de teatro e prometemos nos ver mais vezes até que ele volte para o sul. Mas... A sensação é de que antigas coisas já não cabem nos mesmos lugares. E que o lugar delas é realmente lá, lá atrás.
Mas, pela primeira vez, ao invés de eliminar o diferente e desconfortável, lamentando um objeto/ período/ circunstância perdido, por que não amar o novo?
(texto sem pé nem cabeça, que veio a calhar em virtude do assunto da última sessão de análise)