fevereiro 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sobre encontros casuais


Sempre atrasada. Ou adiantada demais. Corria. Esperava. Adiava compromissos, deixava os livros para trás. Planejava encontros "casuais" nos mínimos detalhes. Ensaiava a cara lavada no espelho para quando o encontrasse. Fingiria indiferença depois que a saga por ele tivesse um desfecho positivo. Segurava o coração entre os dentes enquanto o aguardava. Mas nunca mais o encontrou.

Sobre um vazio cheio de nada


E não era tão difícil mensurar a influência de seus problemas, preocupações, insônia e ansiedade. Ele aprendera a olhar suas unhas. Roídas, curtas. Impossível de manter longe dos dentes. Como se quisesse se punir por algo que não conseguia resolver.
Nunca mais esqueceu o dia em que saiu com o nariz sangrando do jogo de volleyball. A cabeça estava tão cheia de problemas que ocupavam até o globo ocular. Ela ficou estática no meio da quadra. Os braços cruzados, a mão na boca, os olhos fixos em nada. Nada ouvia. Talvez nem pensasse. Quase não sentiu o impacto da bola no rosto. Para muito além da dor, o que a incomodava era aquele vazio, cheio de tudo. Cheio de nada.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sobre o que 98% dos homens não gosta


''Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar. Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos. Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer''.

(Tati Bernardi)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre o ladrão de raios


Eu queria muito, muito, muito mesmo ter visto Avatar em 3D, mas já que os cinemas estavam lotados (as always), resolvemos seguir a dica da simpática senhora à nossa frente na fila.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Se você curte (eu sou malandra e falo "curte") Mitologia Grega, talvez goste. Ou não. Isso é relativo. Depende do seu grau de crítica.
Anyway, vale pelo Pierce Brosnan, Uma Thurman e por algumas cenas cômicas (porque, durante todo tempo, tive a impressão de estar vendo Harry Potter, aguardando ansiosa a aparição do Gary Oldman. Mas ele não veio...).
Ah sim, a trilha sonora é boa! Dá vontade de sair pulando e gritando quando começa a tocar AC/DC - muito bem colocado, aliás. I'M ON THE HIIIIIIIIGHWAY TO HELL!!! haha

Sobre os livros do ensino fundamental


AS/MENINAS  Soube que a peça voltou ao Eva Herz. Fiquei totalmente deprimida no ano passado, quando a temporada acabou e não tive tempo para vê-la.
Perdi a conta de quantas vezes lí o livro desde os meus 12 ou 13 anos. Me descobri tão "lorenensis" na primeira vez em que o peguei. Eu vou neste final de semana. Ponto Final.


Na São Paulo no final dos anos 60, auge da ditadura militar, três jovens universitárias convivem num pensionato de freiras relativamente liberais e progressistas - Lia, Lorena e Ana Clara. O livro narra os encontros e desencontros dessas três garotas com o conturbado mundo que as cerca. Ano da publicação do romance: 1973. Ano também do governo Médici, de censura, de silêncio. Como pano de fundo em AS MENINAS, um apaixonante retrato político do Brasil e de um mundo em transformação.
 

Sobre o realismo de Ron Mueck


Impressionante. As peças são de um escultor australiano chamado Ron Mueck. Eu sei que elas já passaram por Paris e, atualmente, estão na Austrália, mas até agora não achei nada sobre o Brasil (quando estiverem aqui, EU VOU!).
As esculturas são muito realistas, e, não fosse o tamanho, poderiam ser confundidas facilmente com pessoas.
Antes de qualquer coisa, prestem atenção às rugas, veias, nos pequenos detalhes. Em algumas delas, são usados cabelo e unha humanos. Bacana, não?!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sobre o calor de São Paulo


Calor. Quente. Muy caliente.
A ponto se serem necessários três banhos (rápidos) em menos de cinco horas, e dois litros de água consumidos no mesmo período - em líquido gelado, geladíssimo.
Eu estou acostumada com Santos. Mas talvez tenha fugido pra essa terra porque, sei lá... Aqui às vezes garoa, sabe? Bem... Pelo menos era o que diziam.

Sobre "papapapapeeeeel"


Estava sem tempo para escrever.
Então, quando tive um momento de descanso no meio da folia carnavalesca de fevereiro, resolvi sintonizar (oi?) em minha rádio favorita!
Vocês conhecem o The Housemartins? Ãhn? NÃO? Mas tenho certeza que a música deles vocês conhecem!
Sabe aquela musica que você ouve quando é criança e nunca mais esquece? Aquela que você cantava quando ainda não sabia inglês? Aquela que você não sabia cantar certo, mas nunca mais esqueceu o jeito errado? Essa é uma delas pra mim!
O quê? Que música é essa? Papapapapeeeeeel....



P.S.: E, com um belo de um sotaque, você descobre que o "peeel", na verdade é buuuuuild!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre covardia frente às mudanças


Há tanto tempo não o via que não se importava se o motivo que tinha lhe dado para estar brava era real ou não -"faz tanto tempo que não o vejo, deixe-me olhá-lo um pouco mais".
Sentados frente a frente, ela percebia, aos poucos, que já não tinha mais pelo que esperar alí. Apesar do olhar silencioso devidamente correspondido, ela, desejosa de mudanças, começava a acovardar-se frente a elas. Doía-lhe deixá-lo para trás.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sobre a TPM deste mês



Você passa a sua vida lendo sobre tanatologia. E às vezes até chora sozinha.
Teve experiências incríveis e nada toca mais você quanto quando pode ser o conforto de alguém que se depara com a finitude. Fica emocionada por ser útil, acolhe, ama. Não se importa se conhece as pessoas justamente no momento em que elas não queriam recebê-la na função que você desempenha em suas vidas. 
Você tem uma estante forrada de livros sobre isso em sua biblioteca particular. Compra vídeos, tem gravações, artigos, textos de internet, pesquisa relatos pessoais em blogs. Tem vários projetos de pesquisa. Escreve. Dedica-se. Faz cursos de extensão, atualização, culturais. A maioria dos seus professores tem ciência de sua paixão e pelo menos três deles pediram para orientar seu trabalho de conclusão de curso.

Um belo dia, alguém que, no terceiro ano de formação mal sabe quem foi Freud, e teve a coragem de perguntar se o sangue transporta gases pelo corpo humano, depara-se com a palavra em um texto no cronograma - que ela deveria ter lido, e não apenas xerocado, compra um livrinho, folheia três páginas e sai por aí falando que acha o processo de morte lindo, que VAI se especializar nisso, mas nunca, nunca, NUNCA esteve em um leito de morte.

Outbreak mode [ON] - mas a TPM acaba em pouco tempo... Graças a Deus!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sobre mim


"Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo. Tenho um sorriso confiante que as vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele. Sou inconstante e talvez imprevisível. Não gosto de rotina. Eu amo de verdade aqueles pra quem eu digo isso, e me irrito de forma inexplicável quando não botam fé nas minhas palavras. Nem sempre coloco em prática aquilo que eu julgo certo. São poucas as pessoas pra quem eu me explico."

Sobre medo de palhaços


Coulrofobia é o termo psiquiátrico usado para designar o medo de palhaços (mais comum do que imaginamos, diga-se de passagem). Eu não sou mestre em fobias, mas entendo (um pouco) sobre o processo de  recalque na infância, após experiências dolorosas vivenciadas por um indivíduo singular. Reparem no objeto transicional (a ovelha - ou seja lá o que for isso), da qual recusa-se a se separar durante todo o vídeo, e que diminui sua ansiedade.



Existem pessoas que acham esse vídeo engraçadíssimo. Sou do time que fica extremamente perturbado.
Eu, que não tenho experiência nenhuma com fobias, pediria que essa senhora fizesse um cosplay de palhaço (hã?). Ela costuraria a roupa, sessão por sessão. Aprenderia a colocar peruca, pintar o rosto, colocaria a calça, a camisa, o suspensório gradativamente. Até que um dia se olharia no espelho. Am I right...?
Pra quem se interessa, achei essa listinha de fobias na Wikipédia. Pode não ser tão confiável, mas é interessante.

Note to myself: read more about it.

Sobre não ter um namorado no sábado a noite


A maior pérola do fds:

Gatinho says: Você vai sair esta noite?
Tati says: Claro que vou.
Gatinho says: Com quem, posso saber?
Tati says: Com Sigmund Freud.
Gatinho says: Como? Você ficou biruta?
Tati says: Não. Esta noite eu vou estudar psicanálise!
Todos juntos: Ela não tem namorado… (bis)

PS: Biruta, gíria idosa detected

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre Machado de Assis


Lembro de um trecho de Machado de Assis que anotei um dia. Fazendo jus a todos os dramas e sofrimentos reais - dele...

"Mas, além dessas, há uma razão capital, e é que tu não te pareces nada com os homens vulgares que tenho conhecido. Espírito e coração como os teus são prendas raras; alma tão boa e tão elevada, sensibilidade tão melindrosa, razão tão reta não são bens que a natureza espalhasse às mãos cheias pelo teu sexo. Tu pertences ao pequeno número de homens que ainda sabem amar, sentir e pensar. Como te não amaria eu? Além disso, tens para mim um dote que realça os mais: sofreste".

Amo. A cada click do mouse!
Mais que tudo e mil vezes.

P.S.: Muito melosa nos últimos dias... Nhecut!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre coisas que ela vai sentir pra sempre


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
(...)
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo diretamente, sem problemas nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Pablo Neruda

Sobre o que eu ando aprendendo


BRAINSTORM
O que é?

Brainstorm é uma metodologia de exploração de idéias, visando a obtenção das melhores soluções de um grupo de pessoas. (...) Falando de forma simplória, é um bate-papo direcionado, que pode favorecer ou não o surgimento de idéias novas, que ajudem na solução de problemas ou situações.

- Ausência de julgamento ou de autocrítica;
- Todas as idéias são aceitas, mesmo aquelas aparentemente absurdas;
- O objetivo é incentivar o grupo a liberar todo seu conhecimento e criatividade, sem barreiras, temores ou restrições.
 Fonte: Isso Mesmo!

Adorei. Sério mesmo. Vou usar nas discussões de casos clínicos de agora em diante!

Sobre a pontualidade


Ele já não a irritava. O que a impressionava era a pontualidade daquilo tudo. Em uma cidade tão grande como a que viviam, ela já havia perdido a conta de quantas vezes o encontrou por acaso num canto no qual nem sonhava vê-lo.
Tentava se lembrar de todas as vezes nas quais tinha evitado os elevadores e escadas rolantes, mas parecia ter um encontro marcado com ele na porta de saída.
Dentre os 1.440 minutos do dia, tinham que passar pelo mesmo lugar, no mesmo instante. "Deus, ele não poderia se atrasar por só mais três?".
Ela, que nunca acreditou piamente em destino, via-se impossibilitada de inventar sua própria sorte - longe dele.

Si pones tu alma y tu corazón en un sueño, el universo conspíra para ayudarte a conseguirlo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sobre a carta a respeito do tombo emocionado


Marcelo,


Lembra-se de todas as vezes em que eu disse que ele parecia um bocoió quando nos víamos?
Pois bem...
Hoje, a desgraça começou quando desci do ônibus e meu guarda-chuva quebrou. No meio do Apocalipse Aquático, andei um longo percurso até chegar ao local - seco - de destino.
Então, ele resolveu dar o ar da graça (naquele exato e inapropriado momento) depois de infinitos três meses de solidão e saudade - pelo menos de minha parte (!).
Devo ter ficado tão desesperada, emocionada, assustada, aliviada e surpresa, que resolvi me jogar no chão.
Sim, eu caí. Caí sentada na frente dele. Não sei o que houve com meus pés, meu salto, minhas pernas... Processei o tombo (o que deve ter levado alguns segundos) e não olhei para os lados - talvez nem para frente. Levantei antes que procurassem o motivo de tanto barulho (claro que, dos olhos dele, eu não pude escapar), bati a sujeira da calça, tirei bolsa e blusa do chão, e sai andando - rápido, sem chance de receber uma oferta de ajuda - com o nariz beeem alto, o cabelo desgrenhado e a roupa ensopada do dilúvio - para dar três passos e escorregar logo depois.
Alguém enfia minha cabeça em um buraco, por misericórdia?

Beijos, Tati. A que jogou um par de sapatos fora nesta terça.

Sobre se perder na Vila Mariana


Tudo bem, eu confesso: consegui me perder na Vila Mariana. Apesar de todo o meu prazer indescritível em elaborar mapas e pesquisar rotas.
Mas eu posso explicar: estar naquele bairro é tão catártico quanto minhas visitas à Liberdade. Vocês podem imaginar as sombras turvas e felizes passando por mim enquanto caminhava pela Domingos de Morais. Felizmente não me perdi o suficiente para perder o horário do meu compromisso (apesar de ficar presa tempo o suficiente para tal infortúnio durante minha estada na plataforma de embarque da Sé).
Mas foi um bom dia. A começar pelo encontro inesperado, na Barra Funda (!), com o Sr. Luiz - Physiké, para os mais íntimos – que teve o desgosto prazer de lecionar física para meu terno amigo Tiago e eu durante toda a nossa permanência nos ensinos fundamental e médio (e sua decepção ao saber que eu sou aluna da universidade na qual estudo. Universidade esta que, por conduta ética, não citarei o nome), além do abraço gostoso no meu “irmaozinho” Má, que eu não via faz um tempão.
Espero ter sorte essa semana e ver também mais alguém. Sinto tanta falta de uma pessoa em especial que acho que posso implodir (sim, implodir porque não voarão pedacinhos) a qualquer momento.

Auf Wiedersehen! (porque decidi que alemão é minha língua favorita agora!)

Sobre minhas leituras orientadas


Já são três anos desde que comecei minha formação e nunca me interessei em ler o Código de Ética do Psicólogo. Bem, antes tarde do que nunca, não é mesmo? Anyway, eu sei que tem gente que nunca vai ler mesmo.
Eu também estou lendo novamente Cartas a um Jovem Terapeuta (adoro, sem mentira). Mas já sofro com a Síndrome da Leitura Orientada. Se durante as férias era só passar o dedo pela prateleira e tirar qualquer um, agora todos os meus textos tem um cronograma (que, por artimanhas de um destino cruel, tenho que retirar na copiadora from hell do terceiro andar).
Tudo bem... Eu sei que não chegamos nem à metade da metade. E sinto-me muito feliz por isso!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sobre falar com os olhos



Era como se ela falasse com os olhos. Era não. Ela falava.
Bastavam três segundos e eu podia entender tudo o que ela queria dizer. Gargalhava com os olhos. Contava longas histórias. Mostrava tudo o que a machucava, mas que, por um motivo ou outro, não conseguia exprimir em palavras.
Quando não queria falar - nem com a boca, nem com os olhos - colocava os óculos escuros e permanecia muda pelo tempo que lhe convinha.
Eu adorava quando ela, meio sem querer, meio que plenamente ciente, resolvia dizer a ele tudo o que achava que ele merecia saber, mas que não tinha coragem de contar. E ele, iniciante, ficava perdido, como se tentasse decifrar um hieróglifo egipcio. Ora tão perdido, ora tão concentrado, que esquecia de se deixar levar pela profundidade do olhar. E - quase - nunca entendia o que ela queria lhe dizer.
Acho que ela se cansou. Ou não. O fato é que nunca mais a ví permitindo ao menos que ele tentasse decifrar o que os olhos dela diziam.
Sabe? Na verdade, acho que ela desistiu de tentar dizer. Mas, no fundo, nunca deixou de sentir.