2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Sobre o que tem que ser


“De alguma forma eu sabia que seria amor. Eu não sei, mas acho que a gente olha e pensa: “Quero pra mim”. Mas dá um frio na barriga, um tremor, um medo de depender de alguém, de sofrer, de escolher errado, de lutar por algo que não vale a pena. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta, será.”
Caio F.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sobre tentar enquanto tivermos força


Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças. Caio F.

Sobre coisas que passam


"A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida.
Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa.
Mas agora já passou.  Agora já é dez segundos depois da frase passada.
Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás." Caio F.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Sobre manter as coisas simples


"Sabia muito bem que as pessoas costumavam brigar, até mesmo tempestuosamente, e depois faziam as pazes. Mas não sabia como começar, simplesmente não tinha jeito para isso, para a alteração capaz de aliviar as tensões, e nunca acreditou realmente que palavras duras pudessem ser desditas ou esquecidas. O melhor era manter as coisas simples." (Ian McEwan in: Na praia. Ed. Companhia das Letras, p. 43)

Sobre meu repertório de argumentos


"Um repertório de desculpas pode ir sempre mais longe do que uma verdade, quando ainda não se descobriu que querer enfrentar tudo-ao-mesmo-tempo-o-tempo-inteiro é quase a mesma coisa que não enfrentar. Minha coleção de argumentos para ir avolumava-se na mesma medida em que crescia a lista de motivos para ficar. Mil razões apontando para a porta, mil e uma para o sofá, e eu ali, deitado no colo da dúvida, exausto por ter que amadurecer tanto em tão pouco tempo." (Luciana Lorens Braga in: Há cores e acordes. Ofício das Palavras, Ed., p. 28-29)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre perturbações


 
'É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada, nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto'. Caio F. Abreu.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Sobre apostar todas as fichas em...



Dessa vez não vou evitar dizer o que está na minha cabeça só porque eu sei que minha mente geminiana vai negar no dia seguinte, não fugirei de palavras bonitas porque quem diz não é uma pessoa perfeita, não arrumarei mil defeitos pra brigar contra as novecentas e noventa e nove qualidades, não desviarei meus olhos por medo de ter minha mente lida, não sumirei por medo de desaparecer, não vou ferir por medo de machucar, não serei chato por medo de você me achar legal, não vou desistir antes de começar, não vou evitar minha excentricidade, não vou me anular por sentir demais e logo depois não sentir nada, não vou me esconder em personagens, não vou contar minha vida inteira em busca de ter realmente uma vida.
Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final.
Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos insensível, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronto pro primeiro capítulo. Caio F. Abreu

domingo, 10 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Sobre quem mora em Far Far Away


E eu que tive treze anos (sem ironias ou teatralidades) para aproveitar nossa convivência enquanto ele morava na rua paralela à da minha casa, agora me pego indo até Far Far Away (isso sim é exagero) quase todos os finais de semana pra dizê-lo, com a melhor de todas as minhas caras de pau, o quanto amo cada fio de cabelo preto daquela cabeça.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre gestos que fazem o tempo se estilhaçar


"Nas horas acordadas ela fechava os olhos, e não dizia nada, e sabia que ele estava ali, no meio dos outros, e ela punha mentalmente o dedo indicador cruzado sobre seu próprio sorriso (secreto) pedindo que tudo se calasse, porque assim já estava bem, porque assim já era o bastante. Porque qualquer gesto faria o tempo se estilhaçar como cristal.” (Adriana Lisboa in: Caligrafias. Ed. Rocco, p. 50) 

Sobre ter o pavor de ousar


"Perguntou ainda para onde estavam indo. Para que lado do mundo, que mares, mas o fez como uma criança, uma menina teimosa, uma menina inconveniente também. Como se tivesse direito de saber. Depois deteve-se, apavorada por ter ousado." (Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 27)

Sobre desejos extraviados


"Não há desejos intransitivos - mas há desejos equivocados, perdidos, extraviados, desejos que nos atravessam sem nos tocarem. Fui desejada sem o saber - soube-o sempre depois - por homens que até poderia ter desejado, se o soubesse antes. Pensava noutras coisas. Os homens veem o desejo como as mulheres veem a culpas - como uma coisa com braços e pernas e rosto e olhos, imediata." (Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p.135)

Sobre sombras que se agitam


“(...) permanecer assim, entregue a esta alegria dolorosa de se agitar dentro do sofrimento sem formas. Havia uma perversidade no tempo em conservar depositadas essas sombras incolores que se agitavam de repente no fundo da memória.” (Lúcio Cardoso in: A luz no subsolo. Ed. Brasiliense, p. 54) 

Sobre a noção de si mesma


“A questão é que algumas vezes ela tentava pensar no passado e não conseguia. Não conseguia identificar uma noção contínua de si mesma. A noção de tinha de si parecia estar espalhada em vários pedaços à sua volta, como as peças da boneca russa de Dora depois que todas as bonecas menores haviam sido retiradas." (Rachel Eusk in: Arlington Park. Ed. Record, p. 138) 

Sobre o tempo



“Reduzi tanto meus sonhos, minhas fantasias, minhas esperanças. Ando espantado com o Tempo. O tempo é a única coisa terrível que existe. O tempo que passa e leva de arrasto, aparentemente aleatório, a juventude nossa e dos outros. Não é amargo, é apenas real. (Caio F.)” (DIP, Paula. Para sempre teu, Caio F. p. 228. Rio de Janeiro: Record, 2009)

Sobre o amor mal recompensado


"Erika ainda está um pouco atordoada de sono e não sabe como é possível que o amor seja tão mal recompensado, especialmente o seu amor. Sempre esperamos por recompensas pelos nossos serviços. Acreditamos que o que os outros fazem não precisa ser recompensado; esperamos que eles o façam bem barato." (Elfriede Jelinek in: A pianista. Ed. Tordesilhas, p. 300) 


Sobre a excessão da reciprocidade amorosa


"Que alívio! Afinal de contas, a reciprocidade amorosa é uma excessão, pois na maioria das vezes só um ama enquanto o outro está ocupado em fugir para tão longe quanto for capaz. Para isso são necessários dois, e um deles acaba de telefonar ao outro, que sente a mesma coisa. Não é uma beleza?" (Elfriede Jelinek in: A pianista. Ed. Tordesilhas) 

terça-feira, 21 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Sobre o que é ser chique


Por Gloria Kalil

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto.
E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas.
Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar-se do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!
Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar", o telefone, quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve incompetência, mentira, fraude, grosseria, agressão, intolerância, ateísmo, falsidade.
Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.
Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, Amor e Fé nos tornam humanos!

domingo, 5 de junho de 2011

Sobre a tristeza que não deixa vestígios



"- Sabe o que eu acho? (...) Acho que as mulheres que não amamos mais e que revemos depois de anos, entre elas e nós há um abismo. É como se não fossem deste mundo, pois nosso amor não existe mais.
- Quer dizer que eu morri?
- Não. Penso apenas em todas as coisas que me torturavam e que hoje não me interessam.
- Por exemplo?
- A noite em que a vi no Champs-Elysées com um jovem. (...) Se soubesse como me senti infeliz! Eu me dizia: "Acabou! Nunca mais eu a verei."
- Acho que me lembro.
- Não tente lembrar-se. Não vale mais a pena. Isso que é terrível. É que a tristeza que pode até matar não deixa nenhum vestígio."

(Do filme: Le temps retrouvé) 

Sobre palavras que voltam


"Esqueci as palavras para dizer-lhe. Eu as sabia, e as esqueci, e lhe falo no esquecimento dessas palavras. (...) Gostaria muito de encontrar as palavras que reservei para lhe dizer isso. E eis que algumas me voltam. Eu queria lhe dizer o que acho, é que devia se guardar sempre na consciência, pronto, encontro a palavra, um lugar, uma espécie de lugar pessoal,  é isso, para estar só e para amar. Para amar não se sabe o quê, nem quem nem como, nem por quanto tempo. Para amar, eis que de repente todas as palavras me voltam... para guardar em si o lugar de uma espera, nunca se sabe, da espera de um amor, de um amor talvez ainda sem ninguém, mas disto e apenas disto, o amor. Eu queria lhe dizer que você era essa espera. Você e apenas você se tornou a face exterior da minha vida, aquela que nunca vejo, e permanecerá como esse desconhecido de mim em que se tornou..."  (Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 93-94)

Sobre nós, os felizes sobreviventes


"Já que a vida é tensão, excitação, irritação da matéria. Já que o desejo não encontra satisfação definitiva e não pára de renascer de suas satisfações efêmeras, Thanatos deseja a abolição do desejo; o retorno à matéria inanimada da qual um dia, por um acaso extremo, a vida se gerou da coesão improvável e até misteriosa, entre algumas moléculas. A vida é uma espécie de vitória sobre alguma coisa - sobre a força conservadora do inôrganico. Somos todos sobreviventes de nosssa "vontade" de morrer."

(Kehl, Maria Rita. A psicanálise e o domínio das paixões. In: Cardoso, Sérgio (org.). Os sentidos da paixão. Companhia das Letras. p. 474) 

Sobre a inadequação das lágrimas


Não choro mais lá e isto é duro. Na verdade, raramente choro agora, por saber que é inútil. Lágrimas são uma liberação e raiva ou de amargura, ou uma expressão de desespero ou de exaustão. (...) Uma vez, chorei para ter o que queria e consegui. Já chorei lágrimas de ciúmes, lágrimas de rejeição. Ah, já chorei toda a escala de lágrimas. E é só agora que me dou conta de como são inadequadas para os grandes momentos da vida."

(Josephine Hart in: Abandono. Ed. Record, p. 50)