Sobre um vazio cheio de nada

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sobre um vazio cheio de nada


E não era tão difícil mensurar a influência de seus problemas, preocupações, insônia e ansiedade. Ele aprendera a olhar suas unhas. Roídas, curtas. Impossível de manter longe dos dentes. Como se quisesse se punir por algo que não conseguia resolver.
Nunca mais esqueceu o dia em que saiu com o nariz sangrando do jogo de volleyball. A cabeça estava tão cheia de problemas que ocupavam até o globo ocular. Ela ficou estática no meio da quadra. Os braços cruzados, a mão na boca, os olhos fixos em nada. Nada ouvia. Talvez nem pensasse. Quase não sentiu o impacto da bola no rosto. Para muito além da dor, o que a incomodava era aquele vazio, cheio de tudo. Cheio de nada.

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