Sobre o quanto adoro o silêncio

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre o quanto adoro o silêncio



Eu nunca confessei, mas os mais próximos e com mais tempo de casa percebem que eu sou o tipo de pessoa que se perde em pensamentos freqüentemente (mas não em momentos onde esta prática não é permitida). Posso estar no meio da 25 de Março e repassar mentalmente coisas que aconteceram há sete anos atrás. Relembrar, procurar respostas ou pequenos detalhes que eu deixei passar. (Re) vivenciar coisas boas e ruins... Sentir de novo. Por diversas vezes encontrei soluções ao fazer isso. E o reforço só fez com que parar durante um jogo de volley no meio da quadra com as mãos na testa fosse uma constante (é, pensando bem, faço isso até mesmo quando não atentar para estímulos aversivos no rosto não é muito indicado). Claro que atitudes como esta me tornam praticamente um museu, além de contribuirem para minha dificuldade em assimilar perdas resistência à mudanças.
Acredito que por conta deste estranho hábito eu prefira o silêncio em detrimento de diálogos supérfluos. É incontestável que eu adoro uma ironiazinha aqui e um sarcarmozinho alí, mas, se nos encontrarmos 10 vezes durante o dia, em pelo menos 7 delas eu estarei com o pensamento distante e os olhos fixados em algo (gosto de fazer isso com livros e textos na mão. Fixar os olhos neles faz eu parecer menos idiota, a menos que um conhecido esteja sentado à sua frente e perceba que há pelo menos 5 minutos você não muda a página).
Não me importo com o silêncio. Acho até bastante confortável. E, na maioria das vezes tenho uma sincronia tão grande com as pessoas com as quais escolho dividi-lo (sim, eu divido silêncio e existem outras pessoas que não se importam em fazê-lo) que quase sempre pensamos sobre as mesmas coisas e fazemos comentários sobre elas, o que torna o diálogo totalmente ininteligível para um eventual "passante".
Enrolei tanto para dizer que, mesmo depois de ANOS, como algumas pessoas podem não perceber essas nuances e fazer doce achando que eu estou quieta porque estou brava, triste ou desconfortável, e ainda por cima perguntar trezentas e setenta e quatro vezes "Tá tudo bem?", mesmo diante de todas as minhas educadas respostas de "Sim, sim... Não se preocupe, estou apenas pensando na AV2 de ATAPP", ou ainda sentar-se ao seu lado no ônibus às 07h da manhã e, diante da total ausência de pulsão de vida no meu aparelho psíquico, buscar assuntos banais para preencher a deliciosa paz do não falar?

P.S.: Pareço chata, mas é só a TPM! =P

d..b
Forever Young, Aphaville

0 opiniões a respeito disso :