Sobre o fim do 5º semestre
Eu devo confessar que sempre detestei as aulas de Psicanálise durante o 4º semestre. As erratas das Obras Psicológicas de Sigmund Freud me confundiam muito, e eu já não sabia o que estava no meu inconsciente, mas que fazia parte da consciência também, o que era só recalcado, e se o que era só recalcado podia chegar à consciência. Tão confusa que, às vezes, quando os olhos do Ricardinho anoiteciam azuis, me confundiam a cor deles e a água da praia de lá de casa. E eu nadava longe. Bem longe.
Foi um semestre terrível. Eu acabei generalizando estímulos e tudo se tornou uma grande punição. Acho que por isso eu detestava não só psicanálise, mas todas as outras matérias, a começar por neuroanatomia funcional. Tinha uma vontade obstinada e imensa de chorar todas as vezes em que ouvia a palavra “oligodendrócitos/trócitos”. Mas aprendi direitinho, excluindo a parte do tronco encefálico. Desse eu tenho birra até hoje.
Tanta birra que, logo que começam a falar de qualquer estrutura habitante da caixa craniana perto de mim, já bocejo que nem doida. Ainda sim consegui fechar os Fundamentos da Neuropsicologia com dois 9,5 (dois porque fiz a integrada há três meses, até hoje ainda não sei da nota, e estou desanimada demais para assumir a responsabilidade pela contagem. Matemática nunca foi o meu forte).
Surpreendida por um bom desempenho nas últimas avaliações deste semestre (que, diga-se de passagem, é o ultimo do ano, e normalmente é somado a stress, festinhas, amigo-secreto, trabalhos, provas colossais, despedidas (e o preparo para a saudade que eu sempre sinto DELE durante quase três meses), mudanças e o desejo intenso de que tudo isso acabe logo pra poder ir pra Santos, sentar nos banquinhos à beira-mar e "distrair-me com a linha do horizonte"), tenho a sensação de missão cumprida. Até o 9,0 em Psicologia e Práticas em Educação que me faz torcer o nariz desde o primeiro semestre, e ter vontade de abandonar tudo e partir pra veterinária, me deixou orgulhosa da minha fantástica capacidade prolixa. Os arrepios e os olhos marejados durante as aulas de Ética e os livros poeirentos de Nietzsche, o interesse ininterrupto sobre finitude em Desenvolvimento Humano e o prazer em escrever sobre o Lúdico e o Desenvolvimento Infantil me deram a certeza de que todos nós realmente nascemos destinados a algo e sabemos fazê-lo naturalmente bem. Sinto-me muito feliz por ter descoberto o meu “algo”.
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