Sobre precisar falar sobre a Gi

sábado, 1 de agosto de 2020

Sobre precisar falar sobre a Gi


Eu preciso falar sobre a Gi.

Mas falar sobre ela não pode ser durante a semana, no meio da preocupação e da correria.
Não pode ser enquanto estou tensa com o horário para acordar amanhã, ou desconfortável em algum lugar possivelmente infectado com coronavírus.

A Gi merece uma reflexão feita numa noite de sábado. E se a pandemia exige, com uma xícara de mate quente do lado, enquanto na TV passa meu filme preferido. Deve ser feita no conforto do meu pijama de algodão, na segurança da minha casa. Sem preocupações, sem pressa.

Porque é assim que ela sempre me fez sentir: segura.

Mesmo quando eu nem a conhecia. Quando eu, num final de 1º de janeiro, decidi que já não podia mais continuar levando a vida que vivia, ou me perderia. Me arrisquei e publiquei. Ela leu. E corajosa, aceitou me salvar.

Antes mesmo de nos conhecermos eu sabia que ia gostar dela. Pelos comentários divertidos e inteligentes nas redes sociais, pelo comprometimento e devoção que demonstrava com sua família, e pelo carinho que os amigos dedicavam a ela. Ao nos conhecermos veio a definitiva certeza.

Nos atrasamos. Passamos vergonha. Elaboramos planos para otimizar nossa situação. Compartilhamos a mesma tendência a evitar confusões (sem contudo sair por baixo). E o gosto pela sonequinha da tarde.
Com a Gi eu visitei a Toca do Raul, e compartilhei meu crush no cara que não sabia contar. Com ela eu corri pela areia com as malas na mão para garantir que sentássemos no mesmo banco na volta pra casa. E foram muitas voltas. Foram pizzas de pequi no cerrado, sacolés de coco no Rio de Janeiro, viagens de balão em Boituva, sorvetes de feijão na Liberdade, trilhas de mais de 10km em Goiás. Tardes preguiçosas sob o sol na areia, cervejas às 10h da manhã em festivais, viagens de trem pela cidade... Mas falar sobre tudo o que já vivemos não era meu objetivo aqui.

A Gi me faz querer ser o melhor que posso. De tão bom coração, às vezes me constrange com todas as minhas imperfeições. Ela é tolerante, generosa, bondosa, justa. Nunca diz não. Ouve. Ajuda (receber uma mensagem dela faz uma diferença gigantesca no meu dia). Escancara sua humanidade e nem por um único segundo durante esses anos me fez sentir em dúvida sobre o fato de poder contar com ela para o que for necessário.
Ela não pressiona, não julga. Entende como as pessoas são e sempre faz o melhor para que elas se sintam bem. Ela acalma, acolhe, aceita. 

Frequentemente penso que não merecia ter uma pessoa tão incrível na minha vida. Sempre fico com a sensação de não estar retribuindo o suficiente toda a dedicação que ela tem comigo.
Vocês já conheceram alguém assim? Que de tão surreal faz contraste com tudo o que falta em você mesmo?
Eu lamento não ser parecida com ela. Queria ser mais afetuosa, mais aberta, estar mais presente, ter estado em seus aniversários. Faço planos para melhorar, mas toda hora aparece um "problema" (uma chuva, uma falta de dinheiro, uma preguiça, uma pandemia). E mesmo assim ela nunca deixou de estar lá pra mim.

Ela me inspira diariamente, tanto por seu exemplo, quanto pela fé que demonstra em mim. E todas as formas de agradecimento nas quais consigo pensar me parecem insuficientes para a grandeza da pessoa que a Gisele é.
É por ela que eu torço, vibro. É por ela que procuro quando tenho notícias boas, e quando preciso de consolo.
É pra ela que eu desejo toda a felicidade que o mundo tem a oferecer. Que nada te machuque. Que a vida seja boa pra você. E que a luz do seu coração ilumine todos os seus caminhos. 

Gi, eis seu texto. O que precisava vir do coração. Apesar da demora, saiu.

Amo você. Obrigada por ter lido aquela publicação.

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