Sobre o Lado B "daquela" viagem à Ilha Grande

Nesta noite, apoiando inocentemente este processo, minha amiga @giselecalderon me enviou um vídeo zuadíssimo gravado durante a viagem que fizemos juntas à Ilha Grande há 3 anos atrás. Fiquei pensando sobre qual seria o nome do distúrbio que sofremos para que ao invés de registros fotográficos bafônicos (como diz a juventude) em águas cristalinas e ouso dizer fluorescentes, tenhamos em nossos HDs vídeos como aquele, impublicáveis. Pensei muito, e não cheguei à uma conclusão satisfatória.

Então, para me beneficiar da minha nova terapia e revisitar aquele feriado, resolvi escrever o LADO B dessa viagem e registrar quantas rosas faltaram naquele mar.
- Eu começo me sentindo especial. Explico: conheci a Gi em um grupo de viagens no Facebook cerca de dois meses antes, durante um feriado tedioso que me fez decidir mudar minha vida imediatamente. Trocamos três ou quatro mensagens e resolvemos dividir um quarto em uma trip (a popular - e meio brega - excursão) para a Ilha do Mel durante o carnaval. Todos sabemos que as chances disso ter dado terrivelmente errado eram astronômicas, afinal, ela poderia ser uma psicopata (ou até onde ela sabia, eu também). Ou podíamos ser ambas muito chatas (vejam que aqui uso o advérbio de intensidade para que ninguém me acuse de não ter pontuado que sou chata, afinal não há como negar, mas não MUITO), ou frescas, ou esnobes, ou detestar carnaval (ou pior ainda: adorar). Mas eu não sei nem como começar a explicar o match e em dois meses eu sentia como se conhecesse a Gi há 10 anos. Por isso me emocionei quando em meio a tantas pessoas neste vasto mundo, ela convidou justo a mim para acompanhá-la durante os 3 dias.

- Ao chegar em Angra dos Reis a tensão me dominou. Em minha profunda ignorância, queria embarcar na escuna o quanto antes e sair do continente. Não conseguia parar de pensar sobre o triste acidente do deslizamento que ocorreu no réveillon de 2010. Ao desembarcar na Ilha, e tendo notado algumas pedras "peladas" no morro que me causaram arrepios, aliviei minha tensão falando a respeito do meu temor com a Gi "Ainda bem que estamos na Ilha Grande, e não em Angra dos Reis". Menos de 15 minutos depois descobri que aquele morro pelado era o Morro da Carioca e estávamos hospedadas na Enseada do Bananal. Neste momento eu soube que seriam longos três dias (além de lidar com minha ansiedade, precisei controlar a língua e não comentar com meus pais ao telefone sobre o local onde estava, afinal, eles possuem um longo histórico de pedir a ajuda da polícia para fazer com que eu sempre atenda suas ligações. Mas isso é história pra outro post).
- Momento merda: durante divisão dos quartos, que sabíamos desde o início que seriam coletivos, fomos acomodadas em um com uma beliche e uma cama de casal, COM UM CASAL nela. Mas não era qualquer casal. Era O casal mais idiota do mundo. Por sorte eles não pareceram interessados em dormir tanto quanto nós estávamos (e felizmente ficaram acordados fora do quarto).


- Foi em uma de nossas paradas na Praia de Lopes Mendes, desejosas de uma foto nas pedras, que iniciamos uma manobra: a de procurar pessoas com nosso biotipo e calcular as chances de se dar mal em uma empreitada roots com base na observação do comportamento dos outros. Resultado: não temos nenhuma foto nas pedras. Mas também não passamos vergonha (as chances eram altas).
- Foi também na Praia de Lopes Mendes que nos afeiçoamos muito à uma moça que estava na trip, a fotógrafa. Nossa amizade, no entanto, durou pouco, especificamente até o momento em que voltamos ao barco e ela foi ao banheiro. Saiu de lá com uma tira de papel higiênico presa na bunda. Não tivemos coragem de contar e ela percorreu a escuna toda fotografando as cerca de 40 pessoas com aquele rabinho branco pendurado e balançando ao sabor do vento.
- Ainda na Praia de Lopes Mendes pegamos ranço de um cara que passou a viagem toda usando uma máscara de cabeça de cavalo e falando coisas sem sentido (que faziam menos sentido ainda porque a máscara não nos deixava entender muito bem o que ele dizia). Por motivos que não sei explicar, revendo os registros fotográficos e de vídeo que fizemos, encontrei pelo menos 5 arquivos dele. Seria o início de algum tipo de sentimento persecutório? Deletei todos (mentira, deixei um pra recordação).
- Segundo dia nublado na Ilha. Das 07h às 23h tudo o que fiz foi reclamar dos R$ investidos naquela viagem. A única beleza que eu conseguia enxergar era "o verde da água do mar, mesmo com o tempo nublado. Olha isso. Não é um verde de lodo. É verde mesmo com o tempo fechado, e Meu Deus, imagina isso tudo num dia de sol". E repete. Ad eternum.

- Ok, não foi no final da festa.
- Ok, não foi exatamente uma dança.
- Ok, não foi exatamente uma dança.
- O que aconteceu realmente: por volta das 22h, já com muito sono, e com a barriga cheia de pinga e cajuzinhos, Gi e eu começamos a bocejar e recostar na parede. Foi quando a parte masculina do casal (mencionada alguns parágrafos acima) nos ameaçou dizendo que se continuássemos sentadas, ia nos arrastar até a pista de dança, especificamente para o meio da rodinha. Imediatamente levantamos e começamos a nos mexer (claramente acreditando que o que fazíamos era dançar). E no meio da confusão, sem sermos notadas, fomos dançando de volta para o quarto. ZZZzzzzZZzzzZzz.
- No terceiro e último dia, o que finalmente amanheceu com o revoltante sol mais lindo de todo o feriado, quando já tínhamos as forças esgotadas e uma pequena centelha de otimismo começando a aumentar em razão da perspectiva de voltarmos para casa, saímos para a última aventura da Ilha Grande e por motivos que desconhecemos, nos pareceu uma boa ideia puxar um coro de "Meu Bem Querer" do Djavan com a galera da escuna, o que nos rendeu registros fotográficos estranhos (como este).
- Já no retorno à São Paulo, famintas (sim, mesmo tendo usufruído do buffet no café da manhã, almoço e jantar, além dos sacolés antes do retorno para o continente, quando fizemos questão de experimentar todos os sabores disponíveis na barraquinha), e com uma necessidade enorme de obter algum consolo e conforto, resolvemos investir em um jantar no Graal. E por R$ 21,90 conseguimos desfrutar de um incrível banquete de uma coxinha e um suco ácido (mais um lamento: pelo mesmo valor, teríamos ficado satisfeitíssimas na lanchonete de um certo palhaço aí...).

Sobrevivemos. E estamos com saudade.
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