Sobre amar o mundo como ele é (e não apenas tolerá-lo)

sábado, 2 de maio de 2020

Sobre amar o mundo como ele é (e não apenas tolerá-lo)



“Boa parte da tradição filosófica sugere, para que a vida seja boa, certa reconciliação com o mundo, com o real. Ou seja, estar bem com o mundo – até mesmo amá-lo – como ele. Entre tantos que sugeriram ideias semelhantes, podemos destacar o amor fati de Nietzsche, o que me faz pensar na seguinte imagem: alguém dando um mergulho em águas cristalinas numa praia do Nordeste brasileiro. E diante daquela maravilhosa oceânica que ele contempla, num determinado momento tem a sensação de que gostaria de suspender a passagem do tempo. Pois o mundo ali parece completamente adequado e conveniente. A pessoa simplesmente contempla o mundo onde está inserida e que lhe faz bem, e se sente reconciliada com ele, com aquela realidade que se apresenta como amável naquele momento. Poderíamos, então, com facilidade, identificar esse instante da vida como um momento feliz. Não é bem isso que o filósofo sugere apenas, mas sim que talvez tenhamos que amar o mundo como ele é sempre. Não somente tolerá-lo.”

Clóvis de Barros Filho; Leandro Carnal in: Felicidade ou Morte. Papirus 7 Mares.

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