Sobre o natal
Houve um tempo no qual eu esperava o ano todo para que dezembro chegasse logo.
Aliás, mal terminava novembro e eu já estava livre da penitenciária, digo... escola, professores chatos e colegas irritantes.
Seriam dois meses destinados à sessão da tarde, às dormidinhas até às 9h da manhã (já que, desde pequena, todo mundo em casa reclama que a Tatiane não consegue passar mais tempo quieta na cama), quinzenas em Santos ou a semaninha na chácara dos avós comendo um franguinho com arroz bão demais.
Eu amava essa época! Adorava ajudar minha mãe e minha irmã quando montavam a àrvore de natal (nem me importava com a poeira), e ficava horas e horas vendo as luzinhas coloridas piscarem, piscarem... Piscarem até cansar.
Lembra-se do ano em que meu pai fez uma cascata de luz frente à nossa casa? Ele ficou horas e horas pendurado na escada e, naquela noite, fiz questão de acampar na sala.
As festas no interior; a bagunça com os meus primos; muita comida; meu tio vestido de Papai Noel caindo em cima de todos os nossos brinquedos.
Percebi que havia algo de errado quando saí do reveillon e, de repente já estava em outubro, comemorando o último aniversário do ano lá em casa.
Os shoppings já estavam decorados e haviam tantas propagandas de natal na TV!
Foi aí que comecei a me perguntar por que Papai Noel tinha que usar gorro e casaco numa época de tanto calor. Ano seguinte, e eu já não tinha a minha sessão da tarde. No próximo, meus colegas irritantes eram companhia constante não só na escola, mas nas três instituições de ensino que eu frequentava durante o dia.
A única coisa que me dava prazer em dezembro era cantarolar My December, do Linkin Park. E eu me imaginava em Londres. Com um monte de luzinhas. E neve, claro.
Hoje pela manhã minha mãe me perguntou se eu a ajudaria a montar a árvore no final de semana. Meu nariz torceu. E não foi pela "alergia emocional".
Um calor de 28º às 8h e Papai Noel no shopping insiste em usar gorro e casaco vermelhos.
Minha última prova do semestre, agora, acontece na semana que antecede o natal.
Estaremos no ápice. Fechamento da folha no trabalho, ruas lotadas, pessoas gastando todo o seu 13º em lojas de R$ 1,99 ("É só uma lembrancinha...", elas avisam), comprando presentes que caibam no bolso, cinco horas de sono por noite e minha avó nem cria mais galinhas.
Meus tios separados, meus primos em outro estado. Meu pai, coitado, anda trabalhando demais, nem pensa em outra cascata de luz na frente de casa.
Novembro pára. Dezembro morre. Em janeiro, nada funciona.
Deve ter acontecido alguma coisa. Algo muito grave. Ou fui eu, ou o natal.
Talvez seja o Papai Noel que, certamente não me dará o que eu tenho pedido à tanto tempo.
Eu, definitivamente, não sou [mais] muito fã do natal. E ainda não estou muito animada com as festas de final de ano.
"This is my december, this is my time of the year.
This is my december, this is all so clear.
This is my december, this is my snow covered home.
This is my december."
0 opiniões a respeito disso :
Postar um comentário