Sobre a pré-adolescência
Aproveitei essa vibe (e a terapia) para chorar as pitangas (gíria idosa detected). Em um desses encontros, falei sobre o quanto minha pré-adolescência foi desafiadora, o quanto eu não me encaixava, e quantas vezes eu fingi gostar de alguma coisa para “ser aceita” (história da vida de quase todo mundo por aqui nessa fase, imagino eu). E eu seguia respondendo que meu Backstreet Boy favorito era o Brian, quando na verdade o mais lindo de todos (aos meus olhos míopes e astigmáticos) era o Howie D. da fase long hair boy, justamente porque se parecia com os rockeiros dos anos 80, por quem eu era totalmente ensandecida. Além disso, eu também não era (sou) uma pessoa exatamente interessante – meus pais raramente me deixavam sair de casa, e muitas vezes eu me perdia fantasiando e inventando histórias unicamente para “não ficar por baixo” ao ser a única sem assunto nas rodinhas de amigos (o que, olhando agora, me pareceu bem deprimente).
Felizmente, essa fase durou bem pouco – aos 16 anos, com curso preparatório, escola e “estágio” das 8h às 17h, acabou me faltando tempo para ser triste. E a vida foi tomando seu caminho...
Apesar de parecer, à primeira vista, ter sido uma fase de sentimentos ruins, essa reflexão me levou a viver ótimos 20 dias de nostalgia, durante os quais busquei notícias de muita gente querida daquela época. E apesar de hoje estarmos fisicamente separados, consegui matar uma saudade enorme – percebi que às vezes a gente não sabe o quanto sente falta de alguma coisa até reencontrá-la.
E estes foram os melhores 20 dias que eu poderia ter tido em pleno inferno astral. Foram também a oportunidade de ressignificar e entender que não existem momentos bons ou ruins. Tudo é fase, é aprendizado, e não fosse por tudo o que vivi (não só quand
o jovem, mas durante toda a vida), e pelas pessoas que conheci, eu não teria me tornado quem sou hoje, e provavelmente não teria a vida que eu tenho agora (e pela qual, particularmente, sou muito feliz e agradecida).
Então pedi pra minha mãe resgatar algumas fotos antigas – queria ter feito mais registros dessa época, mas feliz, ou infelizmente, aqueles não foram anos em que dispúnhamos (ou éramos atados) à aparelhos digitais. Ainda assim encontrei essa foto.
Essa era a minha turma, e eu amei (e amo!) muito cada um deles (obviamente falta muita gente ainda nessa foto). Foi essa turma com quem eu convivi diariamente naquela fase crítica da vida durante a qual estamos moldando nossos valores, nos descobrindo no mundo. E hoje, olhando em retrospecto, consigo identificar facilmente na minha personalidade, jeito de agir, sentir, encarar e ser, o que cada um deles me ensinou, e que eu levo no coração e na alma. Pra sempre.
Muito obrigada, pessoal, por cada vivência, cada lembrança, cada risada. Meu desejo para hoje seria poder acordar para viver só mais um dia daqueles com vocês. Não importa qual. Eu fui feliz em todos.
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