Paraty e a primeira sensação de liberdade
Espremida entre a serra e o mar no estado do Rio de Janeiro, Paraty é uma cidade colonial que nasceu no ciclo da cana-de-açúcar e enriqueceu no ciclo do ouro mas que, depois de perder a posição de mais importante porto de escoamento dos produtos brasileiros, foi aos poucos abandonada e permaneceu em isolamento durante a primeira metade do século 20. Só depois da abertura da estrada Cunha-Paraty, em 1964, e da inauguração da Rio-Santos, em 1972, Paraty, que foi preservada através do tombamento pelo IPHAN em 1958, foi redescoberta.
Seu Centro Histórico é formado por preservados casarões coloniais, igrejas dos séculos 18 e 19 e ruas calçadas pelos escravos em pedras pés-de-moleque, poderoso redutor da velocidade que requer cuidado na caminhada e onde o tráfego de automóveis é proibido, e te obriga a vagar sem pressa pelos traçados das construções, pelos símbolos maçônicos nas quinas das casas, pelas ruas próximas ao cais invadidas pelo mar na maré cheia, apreciando a visão do mar e das montanhas.
Paraty foi a minha primeira viagem "sozinha". Sozinha sem meus pais, porque aquelas para o interior de São Paulo para a casa dos meus avós pela milionésima vez eu não estava contando. Ela aconteceu em janeiro de 2013, quando eu tinha 23 anos.
Foi minha primeira experiência em hostel, mesmo sem sem saber direito o que era
isso. Foi meu pós-faculdade, então achei que merecia aquele presente. E o mais
simbólico, foi uma espécie de despedida de um relacionamento de 3 anos que eu
sentia que já não ia bem. Ele estava me acompanhando, e a maioria das coisas
correu bem, então, de todos os momentos ruins que aconteceram naquela época,
esta viagem é o que primeiro me vem à mente quando me recordo do término. E
isso é bom.
Eu me lembro de estar deslumbrada com tudo - desde a viagem de ônibus saindo da
rodoviária do Tietê em São Paulo (e meu medo de passar quase 5 horas sentada -
sendo que não muito tempo depois, quando tomei gosto pela coisa, encarei 16),
pegar um táxi sozinha, os passeios de jeep e escuna (eu nunca tinha entrado em
uma antes), o maravilhoso peixe no leite de coco do qual jamais me esqueci (e
nunca mais provei igual), os cafés da manhã na areia da Praia do Pontal, com o
reflexo do sol fazendo os olhos doerem, o Centro Histórico e as lojinhas de
artesanato, os restaurantes rústicos (jantei em um uma noite que pretendia ser
uma taverna), as barraquinhas de artesanato. Tudo visto com uma câmera
filmadora sem vergonha da 25 de março pendurada no pescoço.
Tirei poucas fotos dessa viagem. Mas praticamente cada passo está registado em
vídeo tremido e de má qualidade - por isso as fotos que compartilho com vocês
estão todas ruins. Já os momentos, estes foram bons!
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