quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
quinta-feira, 31 de agosto de 2023
Sobre o vazio da procura inútil
agosto 31, 2023 Tati
sábado, 1 de janeiro de 2022
Sobre a morte que não é capaz de apagar uma vida
janeiro 01, 2022 Tati
Um mês antes de adoecer ele contou ter sonhado com ela, e que ela parecia feliz. Do mesmo modo durante o adoecimento, ainda muito lúcido, dizia vê-la no quarto, sorrindo. O mesmo aconteceu no hospital, quando ela o acompanhava nas internações. Acredito que ele sabia que sua missão estava se encerrando e apesar de todos os dias pedir alívio a Deus, imagino que ele ainda tinha medo do momento da despedida, motivo pelo qual pedia todos os dias para que a porta do seu quarto ficasse sempre bem aberta.
Algumas vezes eu o observava dormir apenas para me certificar de que ele respirava. E em outras eu ficava olhando de longe seus olhos atentos e os lábios que se mexiam em resposta a algo que eu não era capaz de ver.
Quando percebi o curso que sua doença estava tomando, não sinto arrependimento ao lembrar do meu desespero frente à resignação e entrega em seus olhos, e implorava, com o coração apertado e a voz alterada, para que ele se esforçasse para levantar da cama, que pegasse a viola, que lesse comigo a bíblia que tinha sempre em mãos. Sua única resposta era me pedir perdão por ser fraco - embora tenha vivido como um verdadeiro herói durante todas as batalhas que enfrentou para cuidar de sua família.Eu fico imaginando se suas visões descontruíram, nos passos finais de sua jornada terrestre, o que acreditou a vida inteira baseado em sua religião. Será que perceber minha avó, sua companheira de uma vida, ao lado dele, o ajudou a desapegar-se e despedir-se?
Espero de todo o coração que sim, porque em nenhuma das despedidas que sofri eu fui capaz de ver tantos sinais. Seja no neto de 3 anos que perguntou, horas antes de sua partida, quando já estava inconsciente, se era verdade que o avô havia nos deixado. Ou na luz da varanda de casa que se acendeu dois minutos antes que eu recebesse a notícia (aquela sobre a qual sempre brigávamos para que ficasse desligada por causa do aumento da conta de energia).
Mas a mais bonita de todas é a imagem que quero levar para sempre em minha mente, seja verdadeira ou não. Para ela, eis um contexto: em sua juventude, ele e minha avó construiram com as próprias mãos uma casa da qual saíram a contragosto em razão da dificuldade que suas escadarias provocavam frente às limitações da idade avançada. Foi nesta casa que passei todas as minhas férias escolares, na qual deposito a maior parte de minhas memórias afetivas, e onde inúmeras vezes eu fui convidada a me juntar a eles na varanda para, sentada nas poltronas, observar a chuva chegando.
Foi um desses lindos temporais de verão que caiu no exato momento em que seu corpo era deixado em repouso ao lado do de minha avó, como eles sempre desejaram. Neste mesmo dia, mais tarde, recebemos a ligação de uma vizinha da antiga casa contando emocionada que, ao passar correndo por ela para fugir do temporal que se aproximava, pode ver meus avós na varanda, juntos, observando no horizonte, como tantas vezes fizeram durante toda a vida, a chuva que se aproximava.
A morte, apesar de tê-lo roubado de nós, não foi capaz de apagar sua vida. As cordas da viola caipira já não vibram, mas sua música continuará ressonando em meu coração para sempre.
domingo, 23 de maio de 2021
Sobre o Lado B daquela viagem à Ponta Grossa
maio 23, 2021 Tati
Talvez tenha sido esse desconforto (ou o nervosismo que sentia enquanto o dito crush repassava [pelo menos 5 vezes] as orientações sobre o que deveríamos fazer com nossa bagagem antes de mudarmos de transporte) que me fizeram iniciar uma série de piadas (sem graça e sem fim) que foram percebidas e irritaram a maioria das pessoas presentes, e como lição de vida (talvez por intervenção divina) causaram uma das maiores vergonhas daquele final de semana. Mas voltemos pra cá mais tarde...
quarta-feira, 12 de maio de 2021
Sobre a espera
maio 12, 2021 Tati
domingo, 27 de dezembro de 2020
Sobre a lembrança do Natal passado e o silêncio que faz chorar
dezembro 27, 2020 Tati
Enchi meu mês de dezembro com Peanuts, Quebra-Nozes, todo tipo de coisas vermelhas e verdes e luzinhas de led. Ainda assim sinto que deveria ter aproveitado mais o Natal este ano, porque desde que minha mãe voltou para o interior nesta manhã de domingo eu não paro de olhar para a casa vazia e chorar. A tarde de ontem foi tão boa (apesar do momento em que senti que desmaiaria se passasse mais 3 segundos em frente à TV) porque ficamos o tempo todo vendo uma seleção de filmes de Natal enquanto ela se oferecia para fazer drinks coloridos com corote. Nossa noite terminou com cerveja, pimenta mexicana e mais cinema.
No dia de Natal dedicamos grande parte do tempo aos VHS antigos gravados pelo meu pai nos anos 90', enquanto brincávamos com os "53" animais em casa (entre os gatos dela e os meus cachorros) e ríamos com as lembranças dos nossos amores que já não estão mais aqui (essas datas me trazem uma melancolia tão grande, e dessa vez julguei que mais efetivo do que criar memórias, seria revivê-las).
Eu não sei se minha crise contínua de choro vem do fato de eu ter vivido um ano de m*rd@ e percebido o quanto eu estava sozinha sem o colo da minha mãe, ou o desespero de voltar para um mundo totalmente diferente do qual eu vivi durante os últimos quatro dias protegida em casa.
Enquanto tento descobrir, fico aqui tão incomodada com o silêncio a ponto de ligar a TV no mesmo canal que assistimos ontem pra ver outro filme de natal (é, daqueles que eu não aguentava mais menos de 24 horas atrás), derramando lágrimas a cada gole do copo com batida de menta repousado na toalha de mesa de Papais Noéis.
Que época mais triste.
domingo, 22 de novembro de 2020
Sobre amores platônicos de escritório
novembro 22, 2020 Tati
Havia algo nele que já falava comigo desde que nos conhecemos - ou muito pouco depois disso.