Sobre a Alexandria construída para nós

domingo, 5 de junho de 2011

Sobre a Alexandria construída para nós



"SÉRGIO – Vamos fugir para Alexandria?
LUÍSA – Eu estive em Alexandria. Foi uma decepção... não tem nada a ver com aquela Alexandria do Quarteto... 
SÉRGIO – A melhor Alexandria foi a que construímos para nós 
LUÍSA – Alguém disse essa frase no último volume... 
SÉRGIO – Eu te amo... 
LUÍSA –Por que é que você demorou tantos anos para me dizer isso? 
SÉRGIO – Eu disse, você não escutou... 
LUÍSA –Você era sempre tão ambíguo, tão sarcástico, tão agressivo... 
SÉRGIO – Eram formas canhestras de ternura, e você não percebeu... 
LUÍSA –Você tem ideia do quanto me magoou? 
SÉRGIO – Eu queria terminar com você como no filme do Carlitos... ele de mãos dadas com Paulette Godard, caminhando por uma estrada... 
LUÍSA – A gente não é tão inocente, nem tão desarmada para terminar de um modo tão perfeito... 
SÉRGIO – Ao menos você me amou? 
LUÍSA – Como nunca amei ninguém... 
SÉRGIO – Me perdoa... 
LUÍSA – O melhor, o mais surpreendente, o mais bonito, meu amigo, é a gente estar aqui e conseguir, depois de tudo, se olhar com tanta ternura..."  
(Teatro Completo - Maria Adelaide Amaral, peça: De braços abertos, p. 244, Ed. Global)

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